Trechos de "O EZLN e a luta armada em Chiapas" entrevista com Magno de Carvalho


Magno de Carvalho visitou Chiapas e esteve em contato com os guerrilheiros zapatistas: "Diziam eles: 'as armas que empunhamos hoje, não vamos depô-las jamais, nem mesmo depois de termos conquistado um governo do povo'."

"...

Entrevistador: "... como você resumiria, em poucas palavras, seu contato com a experiência zapatista no México?"

MAGNO: Um companheiro brasileiro que foi comigo a Chiapas fez um comentário que expressa bem o que esse contato significou. Ele disse: "A experiência que estou tendo nesta comunidade zapatista, no meio da selva, está sendo mais importante do que tudo o que li e ouvi em mais de vinte anos para compreender o que é socialismo e revolução".

Entrevistador: Como foi possível chegar a uma comunidade zapatista em meio à selva?

MAGNO: Saí do Brasil com contatos na cidade do México. Lá, companheiros zapatistas, com os quais discuti bastante, fizeram a ponte com os companheiros de Chiapas. Da Cidade do México, saímos de ônibus, até San Cristóbal de las Casas, capital de Chiapas, passamos pelos estados de Puebla e Oxaca; foram 18 horas de viagem. Em San Cristóbal, tanto como na Cidade do México, comentava-se a reunião de militares americanos com militares mexicanos, quando foi concluído e apresentado ao governo mexicano um plano no qual, em resumo, caso o governo aprovasse, em 15 dias, todo o exército zapatista e suas comunidades na selva e nas montanhas seriam destruídos.

A militarização era visível em toda a estrada, nos pedágios, nas barricadas de sacos de areia com metralhadoras pesadas atrás. Isto começava na saída do Distrito Federal e crescia à medida que se aproximava de Chiapas. Isto havia sido intensificado a partir de junho de 1995.

Em San Cristóbal, onde a maioria da população era formada por índios, levamos dois dias até nos encontrarmos em condições de partir para a selva, credenciados pela Comissão Nacional de Intermediação (CONAI), na diocese do bispo D. Samuel Ruiz, como observadores internacionais civis. Este credenciamento é vital para o contato com as tropas federais na selva e nas estradas.

Alugamos um jeep 4x4 e fomos receber as instruções e os mapas da selva. Ficamos sabendo o que já tínhamos ouvido dos companheiros da Cidade do México: talvez não conseguíssemos chegar até os dirigentes do EZLN, em função do aumento da militarização em Chiapas e das condições dos caminhos na selva. Mais uma vez, fomos advertidos sobre a estrada de terra na selva nessa época de chuvas: barrancos ou floresta de um lado e abismo do outro. Disseram-nos: "tem estrada hoje, amanhã não tem mais; pode ser que passem, ou que não consigam chegar; ou que cheguem e não possam voltar". É comum o desabamento nessas estradas precárias, abertas para caminhões e outros veículos militares.

Nossa meta era chegar a La Sultana, uma comunidade zapatista no coração da selva Lacandona, de onde partiram muitos guerrilheiros que morreram nos combates de Ocosingo, em janeiro de 1994. Antes dela, existem duas outras comunidades zapatistas, Prado e La Garrucha. De San Cristóbal fomos até Ocosingo, onde chegamos ao anoitecer.

Nas estradas, cidades e povoados por onde passamos, vimos o que é uma ocupação militar no período atual e o que os mexicanos denominam de "guerra de baixa intensidade". Até Ocosingo, havia asfalto. Chegamos à praça do Paço Municipal de Ocosingo, a tomada mais difícil e sangrenta do EZLN, domingo, às 18 horas. Uma banda de música tocava, cerca de trezentas pessoas, a maior parte índios, assistiam tranqüilos, em silêncio. Todos estavam cercados por blindados, caminhões e pela tropa com armas leves e pesadas. Como se não bastasse, no meio do povo, uns trinta soldados federais, com seus fuzis e metralhadoras na mão, viravam-se o tempo todo, nervosos, encarando a todos. A música parou e só alguns soldados aplaudiram a banda da Polícia Militar.

Saímos um pouco da rota e passamos por Altamirano. Escolas e prédios públicos foram transformados em quartéis, protegidos por várias pilhas de sacos de areia, com soldados armados e ali entrincheirados atrás. Na estrada, os acampamentos e os comboios de veículos militares se sucediam.

Chegamos a San Miguel, comunidade indígena, conhecida como a porta da selva. Daí em diante, a estrada corria toda dentro da selva; índios caminhavam à beira da estrada, carregando sacos e feixes de lenha, amarrados a tiras passadas pela testa. Andam, por vezes, vários dias. Muitos levam produtos para vender. Nas estradas, muitos jovens trabalhavam carregando pedras durante todo o dia, nas obras de desobstrução e recuperação de desabamentos. À beira da estrada, havia acampamentos militares com tropas federais, sempre nas imediações das comunidades, nas pontes, morros, curvas e margens dos rios.

O pior trecho da estrada foi o que ficava próximo a La Sultana. Passamos por um local onde tinha havido um desabamento, e o que havia sobrado da estrada, na beira do precipício, mal dava para passar um veículo. O nosso passou ali sob o olhar atento de alguns índios. A menos de 1 km de La Sultana, avistamos uma ponte, antes dela, na cabeceira, um monte de pneus, prontos para servir de barricada ardente, colocados pelos federais. Ao nos aproximar, vimos uma casamata onde havia uma boca de cano de metralhadora pesada e também podiam ser identificados dois capacetes camuflados com galhos, folhas e bambus. Ao longo do rio, também se via, de cima da ponte, o acampamento camuflado das tropas federais. Passamos pela ponte fotografando tudo.

Chegamos a La Sultana às 17 horas (doze de viagem). Casas de tábuas com cobertura de palha de cana de palmeira; dois barracões grandes ladeavam uma clareira. Logo avistamos um barracão, com uma faixa de pano, na qual se lia Campamentos Civiles pela Paz, Justicia y Libertad. Paramos e nos apresentamos aos companheiros: um espanhol (galego), que falava português, uma alemã, uma jovem americana e duas mexicanas do Distrito Federal. O companheiro espanhol foi chamar o companheiro zapatista dirigente, encarregado da segurança da comunidade, que substituía o comandante-chefe, ausente naquele momento.

Fui avisado de que não poderia sair da área do acampamento civil enquanto não tivesse autorização dos companheiros zapatistas da comunidade (o acampamento é uma área neutra internacional).

O companheiro Cláudio veio até o acampamento. Fiz as apresentações. Falamos dos nossos objetivos com aquela viagem e da nossa expectativa em conversar com os companheiros do EZLN.

Entrevistador: E como você conseguiu a permissão e o contato com o EZLN?

MAGNO: Cláudio me explicou que para ele não havia dúvidas quanto à importância da nossa conversa, mas que tudo era decidido em assembléia, e que ele iria defender que, ainda naquela noite, após a assembléia, pudéssemos ter uma conversa com os zapatistas. Esta foi a primeira lição prática do funcionamento democrático dos zapatistas.

Mais tarde, a 500 metros dali, teve lugar a assembléia. Usavam apenas uma vela no centro, para evitar se tornarem alvos de balas dos federais. Era uma assembléia só de homens. Explicaram-me que já estava convocada assim, pois a discussão era sobre tarefas específicas dos homens, como os resultados das buscas do corpo de um menino morto, na véspera, no rio, em acidente. Coisas importantes, como as relativas à guerra, são freqüentadas por todos, inclusive as crianças que, a partir dos nove anos, aproximadamente, já têm treinamento militar na selva.

Após um tempo de discussão, chamaram-nos. Apenas seis falavam espanhol; os demais falavam tzotil ou tzeltal, as duas etnias que compunham a comunidade de La Sultana que hoje é composta por 350 pessoas. Aproximadamente 150 pessoas participavam da reunião. Apresentamo-nos, identificamo-nos politicamente e falamos de nossos objetivos. Respondi a várias perguntas sobre o Brasil, sobre a nossa esquerda e o porquê de não haver, no Brasil, uma resistência organizada contra a violência, a falta de terra e a fome. Aquilo que eu falava era traduzido duas vezes, e assim também era o retorno.

Impressionou-me duas coisas: a consciência de todos sobre a necessidade da internacionalização da luta e de uma organização revolucionária única, em especial na América Latina; a total descrença nos partidos de "esquerda" que disputam espaço na institucionalidade burguesa. Disseram: "não lutam pelos pobres e sim por espaços políticos para eles mesmos".

Após a assembléia, voltamos ao acampamento civil. Mais tarde, chegaram quatro dirigentes zapatistas e realizamos uma conversação, que durou horas. Primeiro, os companheiros explicaram bem como viviam e como viviam as comunidades da selva. Falaram do seu sofrimento, da falta de condições mínimas para sobrevivência, da fome, da carência de professores para as crianças e de atendimento médico para as comunidades, das perseguições, das expulsões da terra, da falta de meios para produção agrícola e da brutal violência da polícia, dos capangas, dos usurpadores das terras e, atualmente, das forças federais. Falaram também dos constantes assassinatos dos indígenas, principalmente, dos líderes camponeses. Tudo isto, segundo eles, fazia parte do cotidiano de suas vidas. Disseram que, em virtude de toda essa situação, resolveram dizer basta a quinhentos anos de violência dos poderosos, que havia já liquidado milhões de indígenas e camponeses. Por tudo isto, diziam eles, "as armas que empunhamos hoje, não vamos depô-las jamais, nem mesmo depois de termos conquistado um governo do povo". Há em todos, sem exceção, sejam dirigentes ou milicianos de base, a convicção da vitória sobre as forças oficiais.

Quando perguntei sobre a superioridade das armas das forças federais que nos combates de janeiro demonstraram seu poderio bélico, com bombardeios aéreos, tropas de pára-quedistas cortando a retaguarda nas entradas da selva, além de todo o poderio militar terrestre, um deles, o companheiro Antonio, respondeu-me com toda a tranqüilidade e na forma indígena de expressar:

Os aviões que voam hoje, um dia cairão. Na véspera de nossa chegada, aviões de guerra passaram horas fazendo vôos razantes sobre La Sultana, sucedidos por helicópteros, o que é comum. Eles agora assustam muito nossas crianças, mas não nos assustam mais. Os blindados, os caminhões e canhões, que andam nos caminhos, um dia param. Na selva não entram: La carretera es de ellos, la selva de nosostros. Se nos atacam, nos embrenhamos todos, e lá eles não vão.

É importante lembrar que, quando as tropas do EZLN passaram a recuar para a selva, os combates se deram até os limites desta, salvo raros bombardeios aéreos. O exército governista não entrou na selva, e todos sabem; o exército mexicano não tem treinamento nem armamento para combater uma guerra de guerrilhas. Para isso, dependeriam do apoio maciço de exércitos estrangeiros, tais como o americano.

Uma companheira, "observadora civil" da cidade do México que acompanhou nossa conversa, comentou após a reunião, com os olhos cheios de lágrimas: "temo que esta convicção da invencibilidade deles na selva seja apenas fruto da ingenuidade", e lembrou do napalm jogado nas selvas do Vietnã, junto com os bombardeios. Sobre isto, outro companheiro, docente da Universidade do México, disse-nos: "atacar com toda a força agora será como dar um puñetazo (soco) num prato de sopa, ela vai se espalhar por todos os lados". Fiquei pensando que no caso do Vietnã, antes da declaração de guerra por parte dos EUA, Kennedy havia aprovado um plano do Pentágono Americano de muitos milhões de dólares, que envolvia aviões, a sétima frota, etc., para fazer com que o vietcongue se rendesse entre doze e quinze dias.

Os quatro dirigentes zapatistas deixaram muito claro que a luta deles vai avançar até a derrubada do governo, do regime e do sistema, até alcançar a paz numa sociedade em que todos sejam iguais. Os companheiros se foram naquela noite muito escura e nos deixaram a pensar em tudo o que havia sido dito ali.

Foi no dia seguinte que pudemos ver melhor como vivia uma comunidade zapatista na selva. Cada família tem sua própria plantação de milho, feijão, café, verduras, etc., "porque cada um é livre para plantar o que mais gosta de consumir", nos disseram. Entretanto, os "meios de produção" são coletivos. Uma companheira, "observadora civil", contou-nos que, a partir de campanhas realizadas em outro país para arrecadar alimentos, havia chegado a La Sultana, entre outras coisas arrecadadas, quinze vestidos europeus muito bonitos. Na assembléia da noite, foi decidido que os vestidos ficariam pendurados, até que chegassem mais vestidos e que se pudesse fornecer um para cada mulher.

Entrevistador: Como você resumiria, em poucas palavras, seu contato com a experiência zapatista no México?

MAGNO: Um companheiro brasileiro que foi comigo a Chiapas fez um comentário que expressa bem o que esse contato significou. Ele disse:

A experiência que estou tendo nesta comunidade zapatista, no meio da selva, está sendo mais importante do que tudo o que li e ouvi em mais de vinte anos para compreender o que é socialismo e revolução.

Entrevistador: Para concluir, o que a aplicação do projeto neoliberal tem a ver com a eclosão da luta armada e o surgimento do EZLN?

MAGNO: Tem tudo a ver, apesar de que o EZLN começou a ser construído a partir de 1993. O México foi o país do chamado Terceiro Mundo onde primeiro e mais aceleradamente se aplicaram as medidas neoliberais, que lá se iniciaram com a privatização do sistema bancário. Segundo Noam Chomsky, professor do Departamento de Filosofia e Lingüística do Instituto de Tecnologia de Massachussets (EUA), considerado, por muitos, um dos cientistas sociais contemporâneos mais importantes:

Durante a última década de reforma econômica neoliberal, o número de pessoas que vivem em extrema pobreza nas zonas rurais aumentou em um terço. Assim como os salários reais no setor manufatureiro, recebido pelos trabalhadores, caíram violentamente — o produto bruto proporcional recebido pelos trabalhadores diminui mais de uma terça parte desde meados dos anos 70. O desemprego no setor manufatureiro cresceu drasticamente e aumentará muito.

Chomsky cita um estudo feito pelo diário mexicano El Financiero que prevê que o México perderá quase a quarta parte de sua indústria manufatureira e 14% de seus empregos durante os próximos dois anos. Chomsky cita também a rápida erosão dos direitos trabalhistas ganhos a força, com medidas tomadas para a redução de custos das empresas, e com a marginalização crescente de setores da população. Chomsky lembra que mesmo os defensores do TLC (NAFTA) reconhecem que cerca de 70% da força de trabalho sofrerá perdas nos seus salários, em especial os menos qualificados.

Os teóricos da burguesia dizem que em Chiapas nasce a guerrilha pós-comunista. Sebastião Tigüera, brasileiro, analista político, residente há muitos anos no México, questiona: "Como uma forma de luta que para o consenso conservador estava ‘fora de moda’ logra ganhar tanta simpatia no seio de amplos setores sociais?". Tigüera diz que o aparecimento do EZLN constitui um verdadeiro fenômeno social que atinge e questiona todos os pressupostos das teses neoliberais e, de forma profunda, os pilares da dominação político-ideológica das classes dominantes hoje.

De volta ao Brasil, o Correio Brasiliense (jornal que fez uma longa entrevista comigo sobre minha viagem a Chiapas) anuncia, em manchete, que a guerra no México poder-se-ia generalizar com a explosão do movimento em todo o país. Diz que a inteligência militar no México teme a eclosão de luta guerrilheira nos estados de Michoacam, México, Puebla, Oaxaca e Guerrero (neste último, no dia 28 de julho, houve um massacre de camponeses pela polícia). Segundo estas próprias fontes, no estado de Guerrero, em Tecpan de Galeana e Cyula de Benitz, "os grupos clandestinos têm cerca de dez mil homens armados cada um e que o governo teme um ataque à Cidade do México, alíás a maior do mundo, com mais de 21 milhões de habitantes no Distrito Federal e dez milhões na grande México (cerca de 25% da população do país vive na capital, grande parte originária do campo).

O que posso dizer, para finalizar, é que Chiapas e o EZLN apontam para nós, trabalhadores e oprimidos do mundo, o único caminho que nos resta seguir.

NOTAS

1. Organização camponesa, infiltrada pelo PRI, que nega a luta armada.

Magno de Carvalho é da Direção Nacional da FASUBRA.

fonte: http://www.oolhodahistoria.ufba.br/03carval.html

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Manuela D'Ávila sai em defesa das cotas

Em discurso na quarta-feira (21), na Câmara Federal, a deputada Manuela d'Ávila afirmou novamente sua posição favorável à criação de políticas afirmativas nas instituições de ensino superior. A parlamentar defende a criação de condições para que negros, indígenas e alunos oriundos da escola pública garantam plenos direitos no ensino — não apenas no ingresso, com as cotas, mas com a permanência desses jovens até a conclusão dos cursos.

Confira abaixo a íntegra do discurso:

Senhoras e senhores deputados, venho a esta tribuna, pois esta Casa vive um momento histórico. A atual legislatura tem a oportunidade de ajudar o país a virar uma página de nossa história, escrita por séculos de descriminação racial e social.

O projeto de lei 73/99, que institui o Sistema Especial de Reserva de Vagas para estudantes egressos de escolas públicas, em especial negros e indígenas, nas instituições públicas federais de educação superior se constitui numa chance de resgatarmos a dívida histórica que o Brasil tem com os negros.

A Convenção Internacional Sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial da Organização das Nações Unidas, da qual o Brasil é signatário desde 1967, estabelece a necessidade de se aplicar as ações afirmativas como forma de promoção da igualdade para inclusão de grupos étnicos historicamente excluídos no processo de desenvolvimento social.

É fato que o desenvolvimento brasileiro ocorreu cristalizando-se diferenças entre as etnias que compõem a diversidade característica da população brasileira, sendo fato que a população negra e os povos indígenas foram e ainda são sistematicamente desfavorecidos.

A adoção de políticas afirmativas despertou fortes reações, principalmente nos setores que tradicionalmente são beneficiados pela estrutura desigual. Pude acompanhar este debate na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde o sistema de cotas foi aplicado.

É preciso lembrar, que somente agora, quase 40 anos depois de ratificada a Convenção, é que o Estado brasileiro passou a formular políticas de combate ao racismo e às suas conseqüências históricas.

Este projeto de lei avança e dá concretude às iniciativas de algumas instituições de ensino superior que enfrentaram este debate. Dá apoio às instituições que buscaram construir mecanismos que dessem efetividade aos compromissos assumidos perante a comunidade internacional.

Este projeto adapta a política de cotas, distribuindo-as pela composição étnico-racial das unidades federativas. Ao mesmo combina critérios de inclusão por razões específicas de etnia com critérios universais de renda para acesso ao ensino público superior. Assim também é assegurado o ingresso nas universidades públicas aos estudantes egressos do sistema público de ensino fundamental e médio.

Por fim, é necessário e urgente que uma lei regulamentando cotas para negros, indígenas e alunos oriundos da escola pública garanta em sua dinâmica, não só o ingresso, mas a permanência desses alunos até a conclusão dos cursos.

Este é apenas umas das políticas necessárias para superarmos esta dívida histórica, mas é sem dúvida nenhuma uma das mais urgentes e importantes, para milhões de jovens brasileiros excluídos do ensino superior por séculos de descriminação racial e social.

Muito obrigada.

Fonte: http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=37644

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Aumenta, reduz, soma, divide...

Assembléia concede aumento para Yeda

Aprovado por 35 votos favoráveis contra dois, projeto de lei que reajusta os salários da chefe do Executivo, do vice-governador e dos secretários estaduais vai agora para sanção da governadora

A cúpula do Executivo estadual vai ganhar mais. No retorno do recesso, a Assembléia Legislativa aprovou ontem um aumento salarial de 143% para a governadora Yeda Crusius e de cerca de 89% para o vice-governador Paulo Afonso Feijó e secretários estaduais.

A proposta foi aceita pelo plenário com 35 votos favoráveis, dois votos contrários e a abstenção da oposição. Yeda passará a receber R$ 17.347,14. Já o vice e o secretariado terão um salário de R$ 11.564,76. Em Brasília, a governadora defendeu o reajuste:

– Acho que não é de orgulhar ninguém que o salário da governadora do Rio Grande do Sul fosse o menor entre todos os governadores. Acho que isso aí não é taça nenhuma. Nem a favor nem contra. A maior parte dos prefeitos já tem um salário superior ao da governadora. Agora fica claro que a governadora, por iniciativa da Assembléia, ganha igual ao presidente da Assembléia. E os secretários, o mesmo que os deputados.

A votação foi negociada pela manhã na reunião de líderes, mas causou constrangimentos à base. O líder da bancada peemedebista, Alexandre Postal, defendeu a transferência da votação para outra data por considerar o momento inconveniente. O Piratini enfrenta a greve dos servidores da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).

À tarde, a incerteza permaneceu. Embora grande parte dos deputados, inclusive de oposição, afirme ser necessário reajustar o salário da governadora, a principal dúvida era o momento da votação. O temor era de que o projeto fosse associado à greve dos agentes penitenciários e à oposição de Yeda ao piso nacional do magistério – tudo isso num período de campanha eleitoral.

Apenas os pedetistas Paulo Azeredo e Gilmar Sossella votaram contra.

Deputado de oposição cobra “coerência” do Piratini

Em seu primeiro dia de atuação, o novo líder do governo, Pedro Westphalen (PP), disse ter deixado a base livre para decidir. Depois da aprovação, Westphalen afirmou que a decisão representou um gesto de sensibilidade política. Para ele, o sinal verde ao reajuste significa “maturidade e bom senso” dos parlamentares em relação a “defasagens salariais incompatíveis com a responsabilidade das funções”:

– Esse governo tem a marca da administração arrojada, que corta despesas, amplia receitas e gera resultados. É um governo comprometido em recuperar distorções, como está fazendo nos casos das Leis Britto e dos precatórios.

Na tribuna, Ivar Pavan (PT) cobrou “coerência” da governadora:

– Se não há recursos para pagar os professores, por coerência, ela deveria pedir que não aumentassem seu salário. Diante dessa confusão e incoerência do governo, nossa bancada não votará.

O projeto vai agora para sanção ou veto da governadora. Se ela não se manifestar, a proposta retorna ao parlamento para ser promulgada pelo presidente da Casa, Alceu Moreira (PMDB), autor da iniciativa.

Entenda o caso
> O aumento salarial para o chefe do Executivo, seu vice e secretários é um tema em debate desde o governo Germano Rigotto (2003-2006), mas o ex-governador rejeitou propostas que alterariam os seus vencimentos. Um dos mais fortes argumentos a favor do reajuste era de que se tornava difícil levar para o primeiro escalão um profissional que receberia um salário maior na iniciativa privada.
> Passado o primeiro ano de mandato, Yeda Crusius demonstrou incômodo em relação ao padrão salarial do Piratini. No encerramento do 28º Congresso dos Municípios, no dia 18 de junho, a governadora salientou que o salário dela impede que se pague mais aos secretários.
> Naquele dia, Yeda disse que a questão seria resolvida pela Assembléia e que ela não temia enfrentar resistências:
– Eu enfrento. Não porque eu seja Joana d’Arc. É preciso regras em todas as áreas.
> No dia 1º de julho, o presidente da Assembléia, Alceu Moreira (PMDB), encaminhou projeto prevendo reajuste nos subsídios de Yeda, do vice-governador Paulo Afonso Feijó e dos secretários.
> No dia 2 de julho, ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, a governadora disse que o realinhamento nos vencimentos foi proposto pelo gabinete de transição – criado por ela para superar a crise política.

Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2098652.xml&template=3898.dwt&edition=10422&section=1007

Lembrando que ela também está fazendo uma mobilização nacional para barrar o aumento salarial dos professores, alegando um rombo no cofre público.

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© 2008 Por Giovane D. Zuanazzi , Douglas T. Finger