Nos dias 29 e 30 de maio de 1979 acontecia em Salvador, o 31º. Congresso da União Nacional dos Estudantes, o “Congresso da Reconstrução”, um evento histórico. Marcava o fim de 13 anos de ilegalidade, no momento que crescia a pressão sobre a ditadura militar.

Por Celso Marcondes, na CartaCapital


O Congresso foi o resultado final de um árduo processo, pavimentado por quatro Encontros Nacionais de Estudantes e inúmeras reuniões. Participei de todos, entre eles o de junho de 1977, em Belo Horizonte, que foi o “Encontro que não ocorreu”, porque a PM cercou todo o centro da cidade e as proximidades da Universidade Federal de Minas Gerais. Partimos de São Paulo de madrugada e voltamos ao final da tarde, depois de muito andar perdido por BH. Éramos cinco num Passat, ida eufórica, volta frustrada.

Também inesquecível foi o seguinte, na PUC de São Paulo, em setembro do mesmo ano. Proibido pelo famigerado coronel Erasmo Dias, secretário da Segurança Pública, mesmo assim o 3º Encontro aconteceria, em formato reduzido, numa sala de aula da universidade, onde não éramos mais de 40 pessoas.

Irado, o coronel, assim que soube da realização do evento que havia burlado seu aparato, disparou a vingança sobre os mais de mil estudantes que realizavam na mesma noite um ato comemorativo da façanha. O resultado, todos conhecem: 900 estudantes presos, dezenas de feridos, alguns graves. Um dia para jamais esquecer.

Menos de um ano depois, no ainda em obras Centro de Convenções cedido pelo governador Antonio Carlos Magalhães, 10 mil estudantes se encontraram. Deles, 3.304 eram delegados eleitos em assembléias nas suas bases. À mesa, entre outros ilustres, José Serra e José Genoíno, ex-presidentes da UNE.

Não, leitor, eu não estava lá. Desta vez por um golpe de azar: nas vésperas do Congresso fui “transferido” — era assim que as organizações de esquerda chamavam as mudanças de área de atuação de seus militantes — e saí do movimento estudantil. Acompanhei o Congresso pela imprensa com uma lupa e muita frustração, aquela sensação de perder o melhor da festa.

Para escrever hoje tenho que recorrer a fragmentos da minha memória já um tanto gasta, recordando conversas com companheiros que voltaram de lá entusiasmados. E a depoimentos de quem viveu de dentro aquele momento. A internet me salva: no site da Fundação Cásper Líbero, Thais Sauaya Pereira, publica uma bela crônica, na qual conta sua aventura quando tinha 20 anos e pertencia à diretoria do Centro Acadêmico da Faculdade de Química da USP. Thais foi até Salvador de ônibus, fretado por mais de 40 estudantes paulistas. Ela fala da viagem de mais de 50 horas:

“Na ansiedade esfuziante, não diferíamos muito dos ônibus de excursão do ginásio, nem daqueles das torcidas de futebol. No entanto, tínhamos consciência de que aquele era um momento histórico: discutíamos com paixão o socialismo, a guerrilha, a ditadura, os rachas nas organizações clandestinas, os professores, as relações afetivas, o aborto, a falta de grana, o amor livre, morar sem os pais, as drogas, o cinema, Marx, Lênin, Engels, Trotsky, Stálin, Brecht, Chaplin, Glauber, Vittorio de Sica... enfim, o mundo”.

O Congresso ganhou o nome de Honestino Guimarães, último presidente da UNE, eleito em 1970, quando a entidade atuava muito precariamente na clandestinidade. Honestino era estudante da Universidade de Brasília, foi preso pelo Centro de Informações da Marinha (Cenimar), está desaparecido até hoje.

Javier Alfaia também estava presente e se tornaria presidente da entidade dois congressos depois. Em 1999 ele era vereador em Salvador. Aí, na Câmara Municipal, em sessão que comemorava os 20 anos do Congresso, ele discursou contando um pouco do clima na data:

“Enfrentando sucessivos cortes de energia elétrica, lançamento de substâncias tóxicas que irritavam os olhos de delegados e dirigentes da mesa, com os jeans ainda mais esbranquiçados pela caliça que se espalhava por todo canto daquele prédio em construção, nós consolidamos um marco na retomada do processo democrático”.

E falava com orgulho do povo soteropolitano: “Salvador recebeu a UNE de braços abertos. O Congresso mobilizou esta cidade. As famílias ligavam para os diretórios acadêmicos, para o DCE, e colocavam suas casas à disposição para receber os estudantes. Nós listamos cinco mil vagas de hospedagem em residências particulares, em casas de companheiros, de professores, em instituições”.

Foram dois dias de debates, de desencontros, de confusões. De sons, músicas e gritos. De oradores efusivos e de “questões de ordem”. De tensões e temores, de coragem e energia. As diversas “tendências”, que era o nome que dávamos na época aos agrupamentos políticos dos estudantes, conduziram os debates. Por trás delas, grupos e organizações clandestinas se construíam, em tempos que só dois arremedos de partidos eram permitidos pela ditadura, a Arena e o MDB.

“Caminhando”, “Liberdade e Luta”, “Refazendo”, “Novo Rumo”, “Centelha” eram os nomes de algumas delas, que reuniam então centenas, até milhares, de adeptos. Depois de muita discussão conseguiram aprovar uma “Carta de Princípios”, que seria a referência para a entidade que renascia.

Um grande debate tomou conta do encontro. Eleger ou não ali mesmo o presidente da entidade? Venceu a proposta das eleições diretas, que acabaram ocorrendo por todo o País em 3 e 4 de outubro, alguns meses depois. O baiano Ruy Cezar Costa Silva, estudante de comunicações na Universidade Federal da Bahia, foi eleito presidente.

A UNE renascia, quando movimento estudantil saudava a entrada em cena do movimento operário. Depois das greves metalúrgicas do ABC em 1978 e 79, lideradas por um certo Lula da Silva, os militares e seus apoiadores viam crescer uma oposição que logo se tornaria insustentável.

Thais resume o significado de tudo: “Naquele momento, a UNE era o maior símbolo de organização perseguida pela ditadura. Os sindicatos estavam sob intervenção, não havia uma organização geral de trabalhadores. A UNE era a única entidade nacional, afora a ABI, afora a OAB, que tinha uma base social significativa, era a única organização de caráter nacional que representava um corpo social expressivo e significativo em nossa sociedade. A reconstrução da UNE foi o símbolo das conquistas democráticas pelas quais o Brasil tanto precisava passar, foi uma contribuição fundamental e decisiva ao processo de democratização do país”.

Boa, Thais, assino embaixo.

Nesta semana que encerra maio, em vários cantos do país, a data está sendo lembrada. Em Araraquara, Salvador e Porto Alegre acontecem algumas delas. Enquanto isso, a UNE já prepara seu 50º. Congresso, que acontecerá de 15 a 19 de julho, em Brasília. E que CartaCapital começa a cobrir a partir de hoje.


FONTE: VERMELHO




Depois de um longo período sem postagens, devido a falta de tempo vamos tentar retomar com as notícias diárias.
Um agradecimento especial a todos que continuaram acessando o blog que ja passa das 2500 visitas.
abraço

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Manifesto do movimento "Da Unidade Vai Nascer a Novidade" - Um chamado ao movimento estudantil

"Pode chegar
Que a festa vai
É começar agora
E é prá chegar quem quiser
Deixe a tristeza prá lá
E traga o seu coração
Sua presença de irmão
Nós precisamos
De você nesse cordão..."
(Gonzaguinha)


O movimento estudantil brasileiro celebrou, nos anos de 2007 e 2008, uma sólida unidade a partir da qual a UNE pode protagonizar grandes campanhas e conquistar importantes vitórias, que são patrimônio de todos os estudantes brasileiros. Dois marcos históricos foram simbólicos desse momento: quando, em 1º de fevereiro daquele ano, reconquistamos o terreno que a ditadura nos tirou, e no 50º Congresso da UNE, quando milhares de estudantes debateram propostas para a educação e para o país e elegeram, a partir de uma ampla unidade, a nova diretoria da entidade. Um novo capítulo se abria, então, na história da UNE. Uma fase que nos exigiria maior maturidade, pois a unidade programática que forjávamos não se baseava simplesmente em composições, em espaços ou fóruns do movimento, mas, sim e fundamentalmente, era consolidada no cotidiano das lutas estudantis.

Era de conhecimento de todos que o momento político exigia também uma capacidade ímpar de apresentar formulações e proposições capazes de superar os desafios para mudarmos a cara da universidade brasileira e contribuirmos para o aprofundamento das mudanças em curso no país. Ao contrário do que alguns apontam por aí, essa tática não significa um adesismo a este ou a qualquer outro governo ou força externa ao movimento estudantil, mas consiste no caminho correto para materializar em conquistas concretas as bandeiras históricas da UNE.

Provas do êxito de nossas lutas, aconteceram mudanças profundas na universidade brasileira: a pauta deixou de ser apenas por mais financiamento para incorporarmos também a discussão do acesso e da permanência, da qualidade e da referência social, da garantia de mais direitos e conquistas para os estudantes. Avanços concretos, como a ampliação das vagas nas universidades públicas federais, o ProUni, o combate à lógica privatista da educação e o reconhecimento do dever do Estado em reparar as atrocidades cometidas contra o movimento estudantil pela ditadura militar foram atingidos.

Essa é a marca do último período - nunca uma gestão da UNE conquistou tanto e, talvez, nunca se exigiu tanto de uma diretoria da entidade. O estrato político do amadurecimento de quem esteve a frente deste processo esteve expresso no Projeto de Reforma Universitária da UNE, aprovado pela imensa maioria dos CAs e DAs presentes ao 12º Coneb.

Mas ainda será necessário muito mais. As conquistas devem aumentar nossa motivação e capacidade de mobilização. Para isto, um novo Congresso da UNE se aproxima e, com ele, faz-se necessário vislumbrarmos novos desafios para os estudantes brasileiros.

"Vamos levar o samba com união
No pique de uma escola campeã..."

Uma unidade programática não pode, de forma alguma, desconstituir a identidade de cada movimento e corrente política que a compõe. Aliás, a unidade consegue ser mais sólida e duradoura quando serve ao crescimento da representatividade de todos os que dela participam. Em última instância, o crescimento e o enraizamento desse conjunto de correntes é o que faz a UNE forte, unitária, coesa e presente em cada universidade.

Temos nome e independência. Somos diferentes. Mas, principalmente, somos capazes de reconhecer fortes elementos de convergência, que são razões para a ação comum. Talvez o elo central a unir nossas forças políticas no próximo período seja a disputa que se avizinha, em 2010. Mais do que uma eleição, tal evento será o desfecho de uma disputa política pelos rumos de nosso país – será a luta entre os que defendem os interesses do povo e a soberania da nação contra as forças neoliberais, representantes da banca internacional e defensores da submissão do país aos ditames das grandes potências capitalistas.

Nosso campo é o que busca criar as condições para enfrentar as dificuldades impostas pela crise capitalista e impulsionar as mudanças iniciadas em nosso país a partir da eleição de 2002. Para tanto, é fundamental não pulverizarmos esforços e mantermos a unidade para enfrentar os verdadeiros inimigos.

É neste contexto que a UNE se prepara para eleger uma nova diretoria. Acreditamos que tal realidade política deve estar presente nos debates do Congresso e refletida na próxima diretoria da entidade, buscando aglutinar as forças que compartilham dessas idéias - notadamente as juventudes do recém lançado Partido Pátria Livre (antigo MR-8), do Partido dos Trabalhadores, do Partido Democrático Trabalhista, do Partido Socialista Brasileiro, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro e outras - num mesmo campo político.

Nesse momento, a nossa responsabilidade é apontar caminhos para que nossa entidade possa influir na realidade política do Brasil, contribuindo para impedir retrocessos e ajudando a estimular o ciclo de desenvolvimento aberto nos últimos anos.



No fundamental, esse desejo é coletivo e está expresso nas propostas levantadas por cada corrente que compõe a UNE. O momento, portanto, cobra maturidade. Exige capacidade para cimentar e ampliar nossa aliança, para renovar nossas lutas. A responsabilidade primeira para atingir tais objetivos é nossa e pretendemos cumpri-la exercitando a grande política – que exige a humildade para ouvir e assimilar opiniões, mas também a firmeza para superar dificuldades e apontar caminhos.

Caminhos que possam reafirmar a luta do movimento estudantil até aqui e, principalmente, dar um salto de qualidade capaz de materializar nossos ideais de transformação da educação e da realidade do país.

Movimento "Da Unidade Vai Nascer a Novidade"
Rumo ao 51º Congresso da UNE


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MEC homologa obrigatoriedade das aulas de filosofia e sociologia no ensino médio


Segundo Ismael Cardoso, presidente da UBES, as disciplinas ensinam a pensar, mas deve haver a preocupação de como serão ministradas.

O parecer que torna filosofia e sociologia disciplinas obrigatórias no ensino médio foram homologadas pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. A medida torna obrigatória a inclusão das duas matérias no currículo do ensino médio em todo o país, ampliando o que já era praticado em 17 Estados. As escolas terão um ano para incluir a filosofia e a sociologia na grade curricular.

Sociologia já foi matéria obrigatória entre 1925 e 1942. Mesmo sendo optativa, várias escolas continuaram com a disciplina. O governo nunca exigiu antes o ensino de filosofia nas escolas. De acordo com o relator da proposta, o conselheiro César Callegari, a decisão vai estimular os estudantes a desenvolverem o espírito crítico. "Isso significa uma aposta para que os alunos possam ter discernimento quando tomam decisões e que sejam tolerantes porque compreendem a origem das diversidades", disse.

Segundo Ismael Cardoso, presidente da UBES, as disciplinas ensinam a pensar, mas deve haver a preocupação de como serão ministradas. "A aprovação, sem dúvida, representará grandes mudanças na educação pública. Mas o que deve ser discutido nas salas de aula para que possamos utilizar estas disciplinas como instrumentos poderosos que são para superar o processo alienante que ainda persiste na educação?", questiona.

Fonte: Estudantenet

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Veja e os crimes contra a honra

"Veja foi a publicação que mais praticou os crimes internéticos dos mais escabrosos, mais apelou para todo tipo de injúria, mais rebaixou o conceito de Blogs, com um linguajar que Roberto Civita, por exemplo, jamais aceitaria que fosse repetido em sua casa", por Luís Nassif, em seu blog.

Da Veja

A lei brasileira está vários passos atrás dos criminosos virtuais. Os delitos cometidos pela rede – salvo exceções como a divulgação de pornografia infantil – não estão contemplados no rol de crimes brasileiros. O que se faz hoje é uma tentativa nem sempre bem-sucedida de enquadrá-los nas condutas descritas pelo Código Penal, de 1940 – como no caso dos crimes contra a honra.

Tanto em São Paulo quanto no Rio, eles representam cerca de 40% dos inquéritos instaurados nas delegacias especializadas. No mundo real, o crime contra a honra diz respeito a alguém que xinga, difama ou calunia outro alguém – pessoalmente, por carta ou por meio de um veículo de comunicação. No mundo virtual, é a mesma coisa – com a diferença de que a repercussão é muito maior. E a reparação, em caso de necessidade, infinitamente mais complicada. No mundo real, uma ordem judicial é suficiente para suspender a veiculação da ofensa. No mundo virtual, a suspensão é quase impossível.

Comentário

Tenho arquivadas 800 páginas de ofensas, calúnias, injúrias, difamação, ataques pessoais, à mim e à minha mulher, insinuações de todo tipo, um conjunto amplo de crimes tipificados no Código Penal por parte do blogueiro da Veja — que voltou a recorrer às baixarias — um sujeito sem o menor limite, contratado especificamente para intimidar os críticos de Veja e os adversários de José Serra, nesse período tenebroso em que a revista mergulhou por águas sombrias.

Veja foi a publicação que — depois dessas comunidades clandestinas do Orkut — mais praticou os crimes internéticos dos mais escabrosos, mais apelou para todo tipo de injúria, mais rebaixou o conceito de Blogs, com um linguajar que Roberto Civita, por exemplo, jamais aceitaria que fosse repetido em sua casa.

Qual é?

Clique aqui para ler na série de Veja, o tipo de jornalismo que a revista pratica na Internet.

A propósito, até agora não consegui o direito de resposta dos ataques que sofri da revista. E os que conseguiram, foi depois de percorrer um calvário de ações judiciais onerosas.

E vem ela se preocupar com crimes contra a honra?


Fonte: Vemelho



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O fim do padrão-dólar na America Latina?

Segundo reportagem desta semana no jornal Valor, “o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já marcou data para anunciar seus planos ambiciosos para o uso do real nas transações da América do Sul... Na próxima reunião da Unasul, que agrega os países da região, ainda neste semestre, Lula quer apresentar aos parceiros proposta que pode ampliar o uso do real nas relações entre os vizinhos”. Caso a notícia se confirme, será um acontecimento inédito nesta sofrida região, tratada como “quintal dos EUA”, e poderá representar o fim do “império do dólar” no continente.

O estudo desta medida ousada reflete tanto a grave crise econômica dos Estados Unidos, que tem como efeito o derretimento da sua moeda, como o avanço das forças progressistas na América do Sul. Ela seria impensável há alguns atrás, quando os EUA exerciam poder unipolar e gozavam de ampla hegemonia. No mesmo rumo agora defendido pelo Brasil, a China propôs recentemente o fim do padrão-dólar nas transações comerciais e financeiras no mundo. O governo Hugo Chávez também apresentou a proposta da criação do “sucre”, como moeda única na região. A reação do “império do mal” a todas estas propostas tem sido violenta. É o seu poder que está em jogo!

A resistência do Banco do Central

Ainda conforme a reportagem, o mecanismo de substituição do dólar não está pronto e passa por discussões na equipe econômica, “onde, jura-se no Palácio do Planalto, já existe concordância do reticente Banco Central”. Só se a convicção de Lula for muito forte para dobrar as resistências do banqueiro Henrique Meireles, presidente do BC e ex-dirigente do Bank of Boston. Segundo os estudos prévios, os países sul-americanos seriam autorizados a sacar, junto ao BC, uma quantia de reais que seria usada para o comércio com o Brasil ou mesmo para repassar a outros países da continente. “Falta ainda, segundo um graduado assessor de Lula, definir o total que será posto à disposição dos vizinhos. Lula quer que seja uma quantia significativa”, afirma o jornal.

No mês passado, Brasil e Argentina já firmaram acordo de substituição do dólar nas transações comerciais entre os dois países. A medida foi favorável à nação vizinha, altamente dependente dos dólares para os seus negócios, o que se torna um calvário num período de escassez da moeda ianque no mundo. Lula já tem o apoio de Cristina Kirchner e de Hugo Chávez para sua proposta. Os demais países da região, inclusive os alinhados aos EUA, também deverão aderir à iniciativa, como forma, até pragmática, de superar a sua vulnerabilidade. O Brasil tem superávits com todas as nações da América do Sul, com exceção da Bolívia em função das suas exportações de gás.

A desconstrução dos Estados Unidos

Conforme constata o Valor, mesmo a contragosto, a iniciativa brasileira de expandir a circulação do real na região poderá “ser vista como uma medida antiamericana – o que não é – destinada a botar a colherzinha do Brasil na sopa da desconstrução dos EUA como emissor da moeda de troca mundial”. Mesmo assim, o jornal de negócios da burguesia nativa concorda que a medida é cabível. “Se quiser reduzir as fontes de pressão sobre as políticas comerciais dos parceiros sul-americanos e minimizar seus efeitos sobre as vendas de produtos brasileiros na região, o governo tem de buscar mecanismos criativos e menos dependentes do fluxo de dólares para esses países. Lula mandou seus técnicos encontrarem esses mecanismos e conta tê-los em mãos até junho”.

Fonte: Blog do Miro

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China supera EUA e é o maior mercado para vendas brasileiras


A China superou os Estados Unidos como maior mercado para as exportações brasileiras: é o que indicam os dados da balança comercial do país entre janeiro e abril, divulgados nesta segunda-feira (4) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Na comparação com o mesmo período de 2008, as exportações para a China dispararam 66,7%, enquanto aquelas para os EUA, atingidas pela crise, encolheram 34,5%.

Durante o quadrimestre, a china comprou produtos brasileiros no valor de US$ 5,63 bilhões. Já as compras dos EUA somaram US$ 4,93. Na lista dos maiores importadores de produtos brasileiros, seguem-se a Argentina, Países Baixos e Alemanha (veja o gráfico).


Virada ocorreu em abril


No acumulado de janeiro a março, o mercado americano ainda figurava como o maior comprador de produtos brasileiros. A virada ocorreu em abril, quando as exportações brasileiras para a China somaram US$ 2,23 bilhões (um crescimento de 76,4% face ao mesmo mês de 2008). As vendas do mês para os EUA foram de US$ 1,34 bilhão (queda de 23,8%).


Foi o primeiro mês em que a China figurou como principal parceira do Brasil, e ainda assim apenas quanto às exportações brasileiras. Quanto às importações (veja o gráfico), os EUA permanecem em primeiro lugar.


Fora a China, apenas África comprou mais


Os dados do MDIC desmentem as opiniões de setores do empresariado e da mídia tupiniquim que demonizam o comércio com a China e a Argentina, exigindo medidas protecionistas do governo federal. Nos dois casos, o Brasil teve superávit comercial, de US$ 1,01 bilhão, mantendo uma tendência histórica. Os grandes déficits (veja o gráfico) foram com os desenvolvidos EUA e Alemanha.


No entanto, as exportações brasileiras para a China acentuaram a tendência para se concentrarem em produtos primários: minério de ferro, soja em grão, celulose. No cômputo geral de abril, a exportação de produtos básicos cresceu 27,4% face a igual mês do ano passado. Mas os manufaturados e semimanufaturados tiveram retração de 27,4% e 17,2%,


O fenômeno chinês não impediu que as exportações brasileiras do quadrimestre recuassem 16,5% em relação ao mesmo período de 2008. Apenas as exportações para a África também tiveram variação positiva no período, de 4,9%. A maior queda, de 42,1%, foi nas vendas para a Argentina, onde predominam produtos elaborados (veículos automóveis e partes, aparelhos eletroeletrônicos, equipamentos mecânicos e plásticos e obras). As exportações para a União Europeia diminuiram 22,9%.
Abril tem superávit de US$ 3,7 bilhões


A balança comercial brasileira do mês de abril de 2009 fechou com um superávit comercial (diferença entre os valores exportados e importados) de US$ 3,7 bilhões. O MDIC festejou o desempenho, em um mês que contou com apenas 20 dias úteis.
As exportações em abril foram de US$ 12,3 bilhões (média diária de US$ 616 milhões) e importações de US$ 8,6 bilhões (média diária de US$ 430 milhões).


Considerando o critério da média diaria, o superávit do mês foi 130,4% maior que o de março último e 124,4% acima do registrado em abril de 2008. Na mesma comparação, as exportações aumentaram 14,8% sobre março deste ano e caíram 8% considerando o mesmo período do ano passado.


Já as importações realizadas este mês caíram na comparação com os dois períodos: 5,6% sobre março de 2009 e 26,6% frente a abril de 2008. Ainda pela média diária, a corrente de comércio cresceu 5,4% em relação ao último mês e caiu 16,7% sobre abril do ano passado.a corrente de comércio chegou a US$ 4,4 bilhões (média diária de US$ 1,1 bilhão).


Só janeiro teve déficit


No acumulado do ano, com 81 dias úteis, o saldo comercial foi positivo em US$ 6,7 bilhões, com média diária de US$ 83 milhões - número 51,3% acima do registrado no mesmo período do ano passado. Também pela média diária, a corrrente de comércio (de US$ 80,2 bilhões) caiu 19,5% em relação a janeiro-abril do ano passado.
No ano, as exportações chegam a US$ 43,4 bilhões (média diária de US$ 537 milhões) e as importações a US$ 36,7 bilhões (média diária de US$ 454 milhões). Na comparação pela média diária, as exportações em janeiro-abril deste ano foram 16,5% menores que as do mesmo período de 2008 e as importações 22,8% menores.


O superávit comercial de abril foi maior que a soma daqueles de fevereiro (US$ 1,76 bilhão) e março (US$ 1,77 bilhão). E ajudou a superar o temor de que a crise global traga um déficit para a balança do comércio externo, como chegou a acontecer em janeiro, quando as importações superaram as importações em US$ 527 milhões.
Apesar do janeiro deficitário, o primeiro quadrimestre de 2009 produziu um saldo positivo 49,4% superior ao alcançado em janeiro-abril de 2008, quando o superávit foi de US$ 4,498 bilhões. Mas este último número foi fortemente pressionado pelas importações decorrentes da aceleração econômica no país. Nos primeiros quadrimestres de 2005, 2006 e 2007 o superávit comercial brasileiro situou-se na casa dos US$ 12 bilhões.


Da redação, com relatório do MDIC



Veja aqui o relatório comleto do MDIC, em PDF

Fonte: Vermelho





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Aldo Rebelo: Guerra e paz com o Paraguai


O Brasil e o Paraguai podem e devem, para além da iniciativa em exame no Parlamento do Mercosul, constituir um fundo comum para a restauração da memória da guerra, de seus sítios históricos e arquivos, em proveito da história dos dois povos. Governos, Parlamentos, universidades, instituições militares integrarão o trabalho comum. Os recursos serão providos dentro das possibilidades de cada país e com a participação de entidades como a empresa binacional de energia Itaipu. Em visitas ao itinerário dos combates pude testemunhar o significado e as marcas do conflito nas gerações paraguaias. É comovedor contemplar as ruínas da velha igreja de Humaitá bombardeada pela esquadra imperial e as águas cristalinas do Arroio Aquidabã, em Cerro Corá, em cujas margens tombaram empunhando a espada o marechal Francisco Solano López e seu filho ainda adolescente, o coronel Juan Francisco. Apesar de registrar que o projeto "não busca fazer sangrar uma antiga ferida", os parlamentares do país irmão falam de "genocídio levado a cabo contra o povo paraguaio", abordagem inaceitável para o propósito da cooperação na reconstrução da memória do conflito. As análises da Guerra do Paraguai e, sobretudo, a avaliação de seus protagonistas variam de acordo com os autores e as conjunturas, resultando em diferentes construções de heróis nacionais erigidos como figuras míticas calcadas no contexto histórico em que foram elaboradas. Examinar o passado com as lentes do presente é uma distorção de historiadores que submetem os fatos à interpretação. A historiografia ainda tem um longo caminho a percorrer e, sobretudo, muitos documentos a apresentar, antes de oferecer conclusões irrefutáveis acerca de aspectos particularmente controversos da guerra, a começar de suas causas e motivações, das estatísticas e suas manipulações, do desempenho dos chefes de Estado e dos generais, assim como das tropas de formação e composição heterogêneas que integraram os exércitos beligerantes. As primeiras interpretações tecidas nos panteões oficiais foram sucedidas por um criticismo exacerbado que o historiador Francisco Doratioto, autor de uma Nova História da Guerra do Paraguai, chamou de "revisionismo infantil". Na poeira dessa revisão se forjou um fomentador externo do conflito, a Inglaterra, que teria financiado a Tríplice Aliança para barrar a modernização do Paraguai - capítulo fantasioso já desmontado por pesquisas. De fato, os ingleses tentaram pôr panos quentes na desavença. Nosso Império escravista e militarista seria antípoda à expansão das forças produtivas no Paraguai. Na verdade, o Segundo Reinado era pacifista e manteve o Exército à míngua, e foi a guerra que conferiu a esta força militar fôlego e consciência para se reorganizar e se consolidar como instituição decisiva, a ponto de ser protagonista das rupturas históricas representadas pela Abolição e pela República. A corrente historiográfica revisionista plantou ainda a tese do "genocídio", do Brasil como combatente desleal que dizimou populações civis indefesas, inclusive crianças. As pesquisas, mesmo as mais recentes, não apresentam conclusões sobre o censo da população paraguaia antes e depois da guerra, mas desautorizam os cálculos imaginosos dos ideólogos do "genocídio". A pesquisadora americana Vera Blinn Reber argumenta que, em lugar de 1,1 milhão, os habitantes do Paraguai eram 320 mil em 1864, e 60 mil morreram durante a guerra - em combate e por causas não militares. Mais uma vez se confirmou o ditado de que na guerra a primeira vítima é a verdade. A tese do genocídio é uma ignomínia contra o Brasil e não faz justiça ao brio do povo e à valentia do soldado paraguaio. Em Itororó os vencedores - os brasileiros - tiveram mais baixas que os vencidos. No assalto a essa pequena ponte o Brasil perdeu 1.800 soldados, dois generais, dezenas de oficiais, e o futuro primeiro presidente da República, Deodoro da Fonseca, foi gravemente ferido, além de presenciar a morte de dois irmãos oficiais. Os combatentes paraguaios merecem a honra eterna de seus compatriotas. Da mesma maneira, os mais de 50 mil brasileiros mortos merecem e aguardam o reconhecimento pleno da Pátria, pois foi por ela e em nome dela que pereceram num dos mais cruéis e sangrentos conflitos da História. Cabe-nos perfilar os heróis de cada lado - não como semideuses, e sim como homens concretos, plenos de historicidade, desempenhando, na hora, no lugar e no posto a que foram conduzidos pelas circunstâncias, um papel distintivo nas suas nacionalidades. Reconstruir a História, e não recontá-la, respeitá-la como patrimônio de dois povos e duas nações irmanadas no objetivo comum da fraternidade e do desenvolvimento equilibrado. Vale lembrar que mesmo em meio ao fogo da batalha os dois povos deram início à reconciliação. Tenho parentes em Alagoas descendentes de avó remota paraguaia que casou com soldado brasileiro, da mesma forma que dona Rafaela López de Bedoya, irmã de ninguém menos que o presidente Solano López, casou com o capitão brasileiro Augusto de Azevedo Pedra antes de a guerra acabar.


* Aldo Rebelo é deputado federal (PCdoB-SP).



Fonte: O Estado de S.Paulo

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Raúl preside ato pelo 1º de maio em Havana


O presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, general-de-exército Raúl Castro Ruz, lidera o ato e a marcha por ocasião do 1º de maio, na Praça da Revolução José Martí, nesta capital.

Acompanham Raúl Castro, dirigentes do Partido e do Estado, de organizações de massa, bem como representantes sindicais de países convidados aos festejos e do corpo diplomático. Entre os participantes da marcha do povo, sobressai por seu colorido e alegria o bloco da União dos Jovens Comunistas — UJC — integrado por ao redor de 40 mil estudantes de todos os níveis de ensino, entre os quais, 10 mil da Universidade das Ciências Informáticas.

Ao contrário de outros países, a comemoração do Dia Internacional do Trabalho na Ilha comporta o compromisso dos trabalhadores de impulsionar a produção e a eficiência, em meio à crise econômica que enfrenta a humanidade.

Noutras regiões do planeta, a comemoração é momento propício para realizar passeatas de protesto e para exigir o fim do desemprego e a garantia de melhoras das condições de trabalho dos operários.

O Segundo Congresso da Internacional, efetuado em Paris em 1889, instituiu o 1º de maio como o Dia do Trabalho, como recordação aos operários assassinados em Chicago. (AIN)


Fonte: Granma Internacional

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1º de Maio: contra a exploração capitalista, pelo socialismo

Por Wagner Gomes*, no Portal CTB

A principal reivindicação dos operários estadunidenses era a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias sem redução de salários. Tal bandeira foi transformada no principal tema do 1º de Maio em todo o mundo a partir da data de sua instituição. Ao longo dos anos, as 8 horas diárias de trabalho foram conquistadas na luta e transformadas em direito praticamente em todo o mundo. No Brasil, o limite lega das 8 horas diárias e 48 horas semanais foi estabelecido em 1932 por Getúlio Vargas e depois consolidado como direito em 1943 na CLT.

Luta secular

A Constituição promulgada em 1988 reduziu a jornada semanal para 44 horas, mantendo o limite diário de 8 horas. A demanda por uma jornada menor, respaldada pelo avanço da produtividade do trabalho, tem sido recorrente nas manifestações do 1º de Maio e continua muito atual no Brasil e no mundo.

O desenvolvimento espetacular das forças produtivas, com suas novas e revolucionárias tecnologias, criou condições para um grande avanço nesta direção, pois diminuiu substancialmente o tempo médio necessário à produção das mercadorias destinadas a satisfazer o consumo da sociedade.

O economista Marcio Pochmann, presidente do Ipea, estima que, nas condições atuais, seria possível praticar uma jornada semanal de apenas 12 horas empregando todo mundo, ou seja, acabando com o desemprego, sem comprometer o nível de produção. Os capitalistas, contudo, são radicalmente contra a redução da jornada sem redução de salários, pois não querem sacrificar um tiquinho sequer dos fabulosos lucros que estão acumulando.

Em nenhum momento da história do capitalismo, a regulação e redução da jornada foram obtidas à base da generosidade, drama de consciência ou boa vontade dos capitalistas. Resulta, invariavelmente, da luta enérgica da classe trabalhadora, é o fruto “de uma guerra civil multi-secular” entre capital e trabalho, para lembrar as palavras do pensador alemão Karl Marx.

Saída para a crise

Este 1º de Maio transcorre sob o signo de uma severa crise do modo de produção capitalista, a mais séria desde a Grande Depressão que atravessou a década iniciada em 1930 e desaguou na 2º Guerra Mundial, a mais global e sincronizada de toda a história do capitalismo. Embora não seja responsável pela crise, a classe trabalhadora é quem mais sofre os seus efeitos sociais, com as demissões em massa, o arrocho dos salários e a precarização dos contratos e das condições de trabalho.

A necessidade da redução da jornada sem redução de salários é patente diante da multiplicação do número de desempregados, que deve chegar a 250 milhões de trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo (o Brasil já perdeu cerca de 1 milhão de postos de trabalho desde outubro do ano passado). Urge intensificar a luta em torno desta aspiração histórica da classe operária e consolidar a unidade das centrais sindicais para obter sucesso neste sentido.

Mas, será preciso ir além. A crise do capitalismo não encontrará uma solução progressista nos marcos deste odioso sistema de exploração do homem pelo homem. É preciso levantar bem alto neste 1º de Maio a bandeira do socialismo, que ocupa um lugar privilegiado nos princípios e objetivos estratégicos da CTB e é também o ideal maior dos trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo.

Finalmente, estamos convencidos de que um passo relevante no caminho do socialismo é a luta por um novo projeto nacional de desenvolvimento, com soberania e valorização de trabalho.

* Wagner Gomes é presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)


Fonte: CTB


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