Chávez diz que unilateralismo se acabou...

...e passou à história.

O estadista lamentou que o unilateralismo deixará seqüelas durante longo tempo, sobretudo para os que acreditaram cegamente no fundamentalismo do mercado. "Nós não", disse.

"Outra potência mundial, como a Rússia, é a China. Enfim, o mundo multilateral está no horizonte. Como expressou Putin em nosso encontro de três horas: abrem-se novas perspectivas", acrescentou.


"Esse horizonte, é uma nova geopolítica mundial que está em marcha. E está tão rápida como nós na Venezuela", agregou.


"Em nosso país temos uma expressão popular para dizer que temos que nos apressar: 'calça os patins e vamos embora' ", comentou.


"Tanto é assim", explicou, "que há apenas dois meses eu estava em visita a Moscou e já regressei a Rússia. Há menos de uma semana estava em Caracas o vice-primeiro ministro russo, Igor Sechin, e agora estamos aqui, trabalhando junto com ele".

Chávez recordou que, dentro de dois meses, entrará em sessão em Caracas a Comissão Inter-governamental de Alto Nível (CIAN), encabeçada por Sechin e o vice-presidente venezuelano Ramón Carrizales.

"Caminhamos rápido, como dizem nossos jovens, nós calçamos os patins do socialismo", enfatizou o líder sul-americano.

"A juventude socialista venezuelana inventou um lema: calça os sapatos do socialismo. Agora desde a Rússia nós dizemos: calcem os sapatos da nova geopolítica mundial. É o mundo em equilíbrio de que falaram Simón Bolívar e José Martí", concluiu o presidente.


fonte: www.vermelho.org.br

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Reflexões de Fidel

Papel de bondoso, à custa de quem?
• QUANDO o governo dos EUA ofereceu hipocritamente US$ 100 mil como ajuda por causa da catástrofe ocasionada pelo furacão Gustav com prévia inspeção in situ para comprovar os danos, responderam-lhe que Cuba não podia aceitar nenhuma doação do país que nos bloqueia; que os prejuízos já tinham sido calculados e o que reclamávamos era que não se proibisse a exportação dos materiais indispensáveis e os créditos associados às operações comerciais.
Alguns no Norte esbravejaram que era incrível a negativa de Cuba.
Quando poucos dias depois o furacão Ike açoitou o país desde Punta de Maisí até o Cabo de San Antonio, os vizinhos do Norte foram ainda mais hábeis.
Adoçaram a linguagem. Falaram de aviões prestes a decolar com produtos, avaliados em US$ 5 milhões; que não era necessário avaliar os danos porque já o tinham feito por outros meios, que não podem ser outros que os de espionar nosso país. Esta vez, com certeza, colocariam o balaço na garganta da Revolução — pensavam — ; se de novo rejeitavam a oferta teriam problemas com a população. Talvez pensaram que ninguém viu as imagens divulgadas pela televisão dos Estados Unidos quando as forças de ocupação da ONU distribuíam alimentos no Haiti à população faminta, através de uma cerca de arame farpado, que resultou até em crianças feridas.
A fome nesse país é fruto do saque histórico e desapiedado dos povos. Nesse mesmo lugar, em Gonaive, nossos médicos arriscavam a vida ajudando a população dessa cidade, como o fazem em quase cem por cento dos municípios dessa nação. Essa cooperação dos médicos cubanos continua no Haiti, como em dezenas de países do mundo, apesar dos furacões.
À nova e astuciosa Nota, respondemos categoricamente: "nosso país não pode aceitar uma doação do governo que nos bloqueia, embora esteja disposto a comprar os materiais indispensáveis que as empresas norte-americanas exportam a outros mercados, e solicita a autorização para o fornecimento dos mesmos, bem como dos créditos que são normais em todas as operações comerciais.
"Se o governo dos Estados Unidos não deseja fazê-lo definitivamente, o de Cuba solicita que, ao menos, o autorize durante os próximos seis meses, especialmente se levam em conta os prejuízos ocasionados pelos furacões Gustav e Ike, e que ainda restam ainda os meses mais perigosos da temporada ciclônica".
Não se fazia com arrogância, porque esse não é o estilo de Cuba. Na própria Nota se pode apreciar como se expressava com modéstia a idéia de que bastava com que se suspendesse a proibição por um período de tempo limitado.
O secretário de comércio dos Estados Unidos, Carlos Gutiérrez, descartou, sexta-feira, 12 de setembro, a idéia de que se eliminara de forma temporária o bloqueio.
É óbvio que o governo desse poderoso país não pode compreender que a dignidade dum povo não tem preço. A onda de solidariedade com Cuba, que abrange países grandes e pequenos, com recursos e sem recursos, desapareceria o dia em que Cuba deixasse de ser digna. Enganam-se aqueles que em nosso país se contrariam por isso. Se em lugar de cinco milhões fosse um bilhão, a resposta seria a mesma. Os prejuízos em milhares de vidas, sofrimentos e mais de US$ 200 bilhões que tem custado o bloqueio e as agressões ianques, não têm preço.
No relatório oficial parcial explicou-se ao povo que em menos de dez dias o país tinha sido afetado em mais de US$ 5 bilhões. Mas também se explicou que essas cifras se calcularam a preços históricos e convencionais, que nada tinham a ver com a realidade. Não devemos esquecer jamais a explicação esclarecedora de que "os cálculos das perdas nas moradias fizeram-se sobre a base de preços históricos e convencionais, e não sobre os valores reais, a preços internacionais. Basta assinalar que para dispor de uma moradia duradoura, resistente aos fortes ventos, precisa-se dum elemento indispensável que escasseia muito: a força de trabalho. Este elemento se necessita tanto para uma reparação temporária como para uma construção duradoura. E essa força de trabalho há que distribuí-la em todos os centros de produção e serviços, alguns significativamente afetados; por tal motivo, o valor real de uma moradia no mundo e a amortização do investimento correspondente, é muitas vezes superior".
O golpe da natureza foi contundente, mas também é alentador saber que não haverá trégua nem descanso em nossa luta.
A crise econômica que atinge os Estados Unidos e, como conseqüência, os demais povos do mundo, não tem resposta definitiva; contudo, sim a tem, os desastres naturais em nosso país e qualquer tentativa de fixar-lhe preço a nossa dignidade.
Fidel Castro Ruz
16 de setembro de 2008
19h54 •

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Independência na produção brasileira...

18 DE SETEMBRO DE 2008 - 15h29

Brasil produzirá medicamento anti-Aids


O Ministério da Saúde, por meio do laboratório de Farmanguinhos (Fiocruz), deu início ao processo de registro do antiretroviral Efavirenz na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A fase de testes dos efeitos do medicamento sobre um grupo de pacientes já foi finalizada.

Depois da análise e registro da Anvisa, a produção será iniciada e o país não importará mais o medicamento. Metade da produção nacional será feita em Farmanguinhos e a outra metade, no Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe).

Com isso, além de romper com a dependência estrangeira, será incentivada a produção nacional. Atualmente, 80 mil pessoas utilizam o Efavirenz fornecido gratuitamente pelo Programa DST/AIDS do ministério. O remédio é um dos medicamentos que compõe o coquetel para o tratamento dos portadores do HIV, composto por 17 outros.



O licenciamento compulsório, que permite explorar a patente sem o consentimento do titular, foi decretado em maio de 2007. Depois de sucessivas negociações com a empresa detentora da patente, a Merck Sharp & Dohme, o ministério não conseguiu uma redução do preço satisfatória.

Foi feita uma proposta para que a Merck praticasse o mesmo preço pago pela Tailândia, US$ 0,65 para cada comprimido de 600 mg. No Brasil, este valor era de US$ 1,59. A equiparação não foi aceita pela empresa, que propôs uma redução de apenas 2%. A contraproposta foi considerada inaceitável pelo ministério.



Após licenciamento compulsório, o ministério passou a importar, por meio de organismos internacionais (Unicef e Opas), os medicamentos genéricos da Índia, o que provocou uma economia de US$ 30 milhões.

Paralelamente, foi iniciado o desenvolvimento do Efavirenz nacional. Para isso, Farmanguinhos e Lafepe estabeleceram uma parceira com as empresas privadas Globequímica (SP), Cristália (SP) e Nortec (RJ), que formaram um consórcio.

O incentivo à produção nacional e o desenvolvimento tecnológico fazem parte das políticas direcionadas ao complexo industrial da saúde.


Interesse público


O licenciamento é uma autorização outorgada pelo Estado para que terceiros possam explorar a patente sem o consentimento do titular.

No Brasil, o licenciamento compulsório pode ser implementado por circunstâncias previstas na Lei de Propriedade Industrial Brasileira, tais como o exercício abusivo dos direitos, abuso do poder econômico, não exploração local, comercialização insatisfatória, emergência nacional e interesse público.


Fonte: http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=43578


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REFLEXÕES DE FIDEL - Sob o assédio dos furacões




AINDA não nos tínhamos recuperado do impacto emocional e dos prejuízos materiais ocasionados pelo furacão Gustav na Ilha da Juventude e em Pinar del Río, com ventos de força inusitada, quando começaram a chegar notícias da subida do mar ocasionada por Hanna, e ainda pior: o furacão de grande intensidade Ike, virando para o sudoeste, devido à pressão de um forte anticiclone no norte de sua trajetória, vai atravessar mais de mil quilômetros ao longo de todo o território nacional.
Isto significa, finalmente, que todo o país será atingido pelos três furacões, e alguns pontos, duas vezes.
Onde ficará um cacho de bananas, uma fruta ou os vegetais de uma horta intensiva? Onde ficará uma plantação de feijões e de outros grãos? Onde ficará um campo de arroz ou de cana? Onde ficará um aviário, um centro de criação de suínos ou de bovinos? A nação toda agora está no que na guerra é chamado de alarme de combate.
Os problemas expostos na reflexão, em que qualificava Gustav de golpe nuclear, se multiplicaram. Os princípios que devem guiar nossa conduta continuam sendo os mesmos, apenas precisamos fazer esforços incomparavelmente maiores.
A Defesa Civil não perdeu um só minuto. Os que ocupam responsabilidades no Partido e no governo, foram mobilizados em toda parte. Os dirigentes devem exigir disciplina, conter emoções e exercer autoridade. A televisão, a rádio e a imprensa escrita assumem uma grande responsabilidade no exercício de sua tarefa de informarem.
O mundo tem observado com admiração a conduta de nosso povo face aos embates de Gustav. Enquanto os inimigos se esfregavam cinicamente as mãos, os amigos, como ficou evidenciado, são muitos e estão decididos a cooperarem com nosso povo. As sementes de solidariedade espalhadas durante muitos anos frutificam por toda parte. Aviões russos e de outros países chegaram rapidamente de milhares de quilômetros de distância com produtos, que são avaliados, não por seu volume ou seu preço, mas por seu significado. Doações de pequenos Estados como Timor-Leste, mensagens de países importantes e amistosos como a Rússia, Vietnã, China e outros, expressaram a disposição de cooperar tudo quanto possível nos programas de investimentos que devemos implementar de imediato para restabelecer a produção e desenvolvê-la.
A irmã República Bolivariana da Venezuela e seu presidente, Hugo Chávez, adotaram medidas que constituem o mais generoso gesto de solidariedade que recebera nossa pátria.
Acho que por muito duros que forem os golpes recebidos e por receber, nosso país tem condições de salvar vidas de cubanos, e as famílias receberão ajuda material e alimentar o tempo necessário, até recuperarmos no mais curto espaço de tempo possível a capacidade de produzir alimentos. Essa ajuda não vai ser igual para todos os municípios, porque os prejuízos não foram iguais em todos eles nem é igual o tempo que cada um precisa para se recuperar.
Neste momento, todos estamos sob o assédio dos furacões. Mais que nunca antes se impõe a racionalidade e a luta contra a dilapidação, a vadiagem e a acomodação. É preciso agir com absoluta honestidade, sem demagogia nem concessão alguma à fraqueza e ao oportunismo. Os militantes revolucionários têm que ser exemplo. Devem dar e receber confiança. Dar tudo pelo povo, até a vida se preciso.





Fidel Castro Ruz
7 de setembro de 2008
17h29

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Plano de defesa nacional prioriza Amazônia e Atlântico Sul


A Amazônia brasileira e o Atlântico Sul, em função da importância estratégica e da riqueza que abrigam, são consideradas áreas prioritárias para a Defesa Nacional. Para contrapor-se às ameaças a essas áreas e a todo o território brasileiro, o governo está elaborando o Plano Estratégico de Defesa, que seria anunciado neste domingo, 7 de setembro.
O ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, disse que o governo decidiu adiar a divulgação porque no dia 7 a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, estará em Brasília, participando da comemoração ao Dia da Independência do Brasil.
A Assessoria de Imprensa do Ministério da Defesa informa que o anúncio foi adiado porque ainda haverá mais uma reunião para discutir o assunto.
Mangabeira, que coordena o Comitê Ministerial de Formulação do Plano Estratégico de Defesa, presidido pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, lembra que o Brasil é o mais pacífico dos países da história moderna, "mas essa indisposição à beligerância não o exime da necessidade de se defender".
A proposta do governo é fortalecer a presença militar na Amazônia, desenvolver ações sócio-econômicas na área e ampliar a cooperação com os países vizinhos. O objetivo é defender as riquezas naturais e o meio ambiente da região, que sofre ameaças de internacionalização.
No Atlântico Sul, que abriga extensa reserva de petróleo, descoberta recentemente, o governo admite que precisa dispor de meios com capacidade de exercer a vigilância e a defesa das águas brasileiras.
"Se o Brasil quiser ascender ao primeiro plano na ordem mundial, precisa de escudo para se defender não só contra as agressões, mas também contra as intimidações. Esse é o objetivo do Plano Estratégido de Defesa", disse Mangabeira.

Assunto de todos

Para Mangabeira, a discussão atual é uma iniciativa inédita no país, que nunca realizou um grande debate nacional e civil a respeito da defesa. "O assunto sempre foi delegado aos militares, sem o envolvimento da Nação, que precisa se conscientizar do vínculo entre defesa e desenvolvimento", afirmou.
O projeto, que foi elaborado durante um ano, contém grandes diretrizes, como o reaparelhamento da indústria bélica nacional, o reforço do patrulhamento da fronteira e alterações no serviço militar obrigatório. Em seu esboço, o documento prevê o fomento à indústria local, além de absorção de plataformas tecnológicas importadas.
Sobre a proposta de aprofundar o serviço militar obrigatório, Mangabeira destacou que "todos nós, civis e militares, entendemos que as Forças Armadas do Brasil devem continuar a ser a própria Nação em armas. E vemos o serviço militar obrigatório como um nivelador republicano, um espaço no qual a Nação se pode encontrar acima das classes", apontou.
De Brasília
Márcia Xavier
Com agências


Fonte: Vermelho

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68, o ano das grandes mudanças

Terça-feira dia 4, ocorreu no teatro da UCS uma mesa redonda sobre o ano de 1968, o ano das grandes mudanças.
Houve uma explanação sobre a época, costumes, cultura e principalmente o idealismo dos jovens que transformou um mundo dominado por militares num mundo mais democrático pelo qual estamos e o precisamos continuar transformando.
Três ministrantes debateram e responderam perguntas sobre o que se passava 40 anos atrás, relembrando uma história sangrenta do mundo, onde o povo foi silenciado e proibido de pensar... Mas como foi dito: "Retomamos esta parte sombria da história justamente para que ela não aconteça de novo".
Além disso relembraram da ilegalidade dos movimentos sociais, assim como sindicatos , grêmios e até o famoso "Partidão" não podiam se expor.

Tenho poucas informações pois fui pego de surpresa sobre esse debate e não levei nada para documentar o evento.
Abraços à todos!

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Estrategista militar vê 4ª Frota como ameaça real ao pré-sal

Nos últimos meses inúmeros veículos de comunicação burguesa vêm tocando no assunto do pré-sal até com certa ironia. Segundo Arnaldo Jabor comentarista do PIG (Partido da Imprensa Golpista) os brasileiros não podem cair no 'erro' de voltar ao passado e agir como esses 'caudilhos' da América Latina que acham que controle do Petróleo é sinônimo de soberania.
Mas tem muita gente que discorda. O Presidente Lula e o Ministro das Relações Exteriores Celso Amorim discordam. (Postado anteriormente no Blog) Recentemente vi que até um deputado do DEM, considera a criação de uma nova estatal responsável pela extração de Petróleo a melhor decisão para o povo brasileiro.
Lembrando que já estima-se que a reserva possa gerar mais de 9 trilhões de dólares, é isso mesmo, 9 trilhões. Que pode reduzir o abismo entre pobres e ricos no nosso país.

E aqui tem mais um que discorda do Jabor e do PIG...






Pensador da Escola Superior de Guerra e estudioso de estratégias militares, general Durval Nery defende alterações imediatas nas regras do petróleo brasileiro, para proteger as jazidas submarinas e frear a comercialização das áreas a grupos estrangeiros. Segundo Durval Nery, logo após o Brasil anunciar suas novas jazidas de petróleo, a força naval americana reativou sua 4ª Frota, posicionando inclusive um porta-aviões nuclear ao sul do Atlântico. O general aponta que o interesse claro dos EUA é espionar o que está sendo feito a respeito do novo óleo submerso. O general-de-brigada da reserva Durval Antunes de Andrade Nery, baiano, 62, é um dos pensadores da Escola Superior de Guerra (ESG). A instituição costuma dar norte à linha do pensamento militar brasileiro. Lá, ele coordena o Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (Cebres), órgão que emite análise de temas que os Comandos e o oficialato consideram relevantes ao cenário nacional. Na ordem do dia do Cebres, um dos assuntos mais discutidos tem sido a nova bacia de petróleo descoberta pelo Brasil em sua plataforma oceânica. O óleo a grandes profundidades, em áreas de pré-sal. Mesmo assim, para o general, o país precisa tomar providências urgentes para se resguardar e não perder essa nova riqueza. Segundo Durval Nery, o País já mostra um quadro bastante vulnerável a essa possibilidade. Ele cita as permissões abertas hoje pela lei brasileira do petróleo ao interesse comercial externo, inclusive a negociação de campos petrolíferos ainda não explorados, sem nem passar por um trabalho de pesquisa mais apurado. Na entrevista, concedida por telefone, de sua casa, no Rio, o coordenador do Cebres defende que a Lei do Petróleo (nº 9.478, de 6 de agosto de 1997) seja reformulada urgentemente. Ele afirma que alguns desses campos de pré-sal estão sob áreas mais rasas do solo submarino, já vendidas a multinacionais petrolíferas, antes da exploração pelo próprio Brasil. "É possível que ao retirarem o petróleo comprado, essas empresas retirem também o que está no pré-sal", afirma. Quando entra na análise militar do problema, o general alerta para as movimentações militares internacionais recentes perto das águas brasileiras. E aí ele faz questão de lamentar o quadro degradado na estrutura da Marinha nacional. Segundo Durval Nery, logo após o Brasil anunciar suas novas jazidas de petróleo, a força naval americana reativou sua 4ª Frota, posicionando inclusive um porta-aviões nuclear ao sul do Atlântico. O general aponta que o interesse claro dos EUA é espionar o que está sendo feito a respeito do novo óleo submerso. Oficialmente, o governo americano diz que a IV Frota apenas tenta impedir o uso do mar pelos narcotraficantes.

Qual o cenário que se vislumbra hoje com o anúncio dessas jazidas de petróleo e gás e a atual estrutura de nossa força naval?

General Durval Antunes de Andrade Nery - Essa descoberta na chamada área de pré-sal é uma das maiores descobertas do mundo. O Brasil passou a ser um país que, quando começar a retirada desse óleo, vai dispor de todo o petróleo necessário para seu desenvolvimento. Acontece que estamos percebendo as discussões sendo conduzidas para um caminho que não interessa ao Brasil. A retirada desse petróleo, que pela Constituição Federal pertence ao Brasil, está na plataforma continental (área dentro das águas jurisdicionais brasileiras), nas 200 milhas náuticas e um pouco mais. A primeira preocupação é que a potência hegemônica (EUA), que não dispõe de petróleo, que só tem petróleo para cinco anos, o seu presidente (George Bush), no dia seguinte à confirmação dessa descoberta, declarou que não reconhece a soberania brasileira sobre as 200 milhas náuticas. Imediatamente criou a 4ª Frota Naval, ou seja, reuniu navios e um porta-aviões nuclear e mandou para o Atlântico. A resposta está aí. Países hegemônicos que precisam de petróleo para manter seu padrão de vida decidem atacar outros que possuem petróleo para tomá-lo. Foi o que aconteceu no Iraque, Afeganistão, e agora na Geórgia, com o petróleo do Mar Cáspio. Tudo para tomar o petróleo de quem tem. Nós, brasileiros, temos de nos preocupar, tendo um povo que continua vivendo na miséria, as populações do Interior passando necessidade, quando dispomos agora de uma quantidade que serve para nosso desenvolvimento.

Não podemos deixar que outro país venha e diga "é meu". Como impedir isso?

Da mesma maneira que um país vem com a sua força, as suas naves, o Brasil tem que ter sua defesa como no passado. Tem que ter indústria bélica, o Exército, a Força Aérea e a Marinha compatíveis para a Defesa da sua soberania. Esse é o primeiro pensamento. Segundo, não é vendendo petróleo. Dizer aos estrangeiros que vende hoje o que está lá embaixo. É o que está acontecendo. Temos uma lei em vigor, de 1997, única no mundo. Diz assim: quem comprar a reserva de petróleo passa a ser dono do petróleo que está lá embaixo.

E o que já foi vendido dessas reservas?

Durval - Já está no décimo leilão de petróleo desde que foi criada a lei. Estão sendo vendidas jazidas de petróleo em toda a plataforma continental (região oceânica) brasileira.

São todas jazidas brutas em áreas de pré-sal?

Durval - Algumas jazidas foram vendidas na área do pré-sal. De seis a oito, por aí. Mas descobriram petróleo abaixo daquelas que foram vendidas. Várias empresas compraram essas reservas acima do pré-sal. Ora, quem garante que ao enfiar a sonda, ela não estará retirando petróleo do pré-sal? Então parece que já vendemos a nossa riqueza do pré-sal. Imagine se você enfia um canudo na água de coco. Se você puxa mais rápido, leva toda a água. É o que está acontecendo. Parece que já venderam sete ou oito: a Tupi, Iara, a Carioca, Guará, Caramba, Bem-te-vi, Parati (todas no mar em frente ao Rio de Janeiro). Essas áreas foram vendidas para empresas como a British Gas (BG), Petrogal (de Portugal), Galp (também portuguesa), Repsol (espanhola), Exxon Mobil (norte-americana). Elas já compraram reservas em cima do pré-sal. É possível que, ao retirarem o petróleo comprado, retirem também o que está no pré-sal.

E a 4ª Frota americana? Ela está navegando? Como ela tem agido?

Durval - Ela foi criada, segundo os americanos, para proteger o Caribe e Atlântico Sul. Ela poderia intervir, tem capacidade de demolição, pode antecipar as ações na área, fazer inspeções de praia, vigilância de rios e patrulhamento de barcos comerciais.


O Brasil precisa dessa proteção do governo americano? O senhor está dizendo que o papel da 4ª Frota é unicamente o de espionagem?

Durval - Muito mais do que isso. Por que criar uma frota numa região em paz se não temos poderio nuclear nos países da América do Sul? Não há conflitos nem ameaças reais nesta região. Se eles vão garantir a livre navegação dos barcos comerciais que levam nossos produtos, eles podem também impedir o livre comércio brasileiro. Por que eles nomearam comandante dessa frota o contra-almirante Joseph Kernan? Se a frota é humanitária, teriam colocado à frente um comandante de navio. Ele foi instrutor do Seal (grupo de elite da Marinha dos EUA), que são os homens-rãs, treinados para a guerra, com capacidade de destruição. São aqueles homens que desembarcam na frente, destroem tudo que vêem na praia. Este homem é um especialista nesta atividade.

Por que logo ele foi nomeado comandante aqui? Como o Brasil tem reagido e pode se precaver dessa situação considerada temerária?

Durval - Temos que ter um planejamento como era no passado. Tínhamos a quinta maior indústria bélica do mundo, hoje não temos nada. Desde Getúlio Vargas, Juscelino, Jânio, o país se desenvolveu, criou uma indústria. Hoje não temos nada. Não temos capacidade de impedir que haja uma sabotagem nas nossas plataformas de petróleo.
Porque a única maneira da Marinha dar segurança nas plataformas ou na nossa costa seria com um submarino nuclear. A Marinha hoje não tem condições de dar essa proteção sistemática?

Durval - Não, porque está totalmente sucateada. Tem os navios praticamente parados e o submarino nuclear, o governo suspendeu a construção desde a gestão passada, cortando o dinheiro necessário para prosseguir no projeto. Está parado há mais de oito anos. Um outro problema do pré-sal: não temos que vender o petróleo. Temos que tirá-lo e usá-lo no nosso desenvolvimento. Estamos ouvindo na imprensa a idéia de vender e usar o dinheiro para a educação, a saúde etc. Esse petróleo tem que ser retirado, transformado em combustível para que o Brasil utilize no seu desenvolvimento. Mas se pensam em usar o dinheiro do petróleo para a educação, saúde ou para reativar as forças armadas, é sinal que já estão pensando em vender o petróleo. O que está acontecendo hoje com essa lei do petróleo, de 1997, que regula a venda? Essa lei em vigor, que permite o leilão do petróleo, diz que a empresa que comprar o petróleo passa a ser dona dele. Venderá para o Brasil se quiser. Se o governo brasileiro pensa em vender o petróleo do pré-sal, ele não será mais nosso.

O que tem sido discutido no Centro de Estudos Estratégicos sobre requalificar a frota naval brasileira e a defesa da Amazônia Azul?

Durval - Estrategicamente, é uma prioridade. Da mesma maneira que é a educação e a saúde, é o reaparelhamento das forças armadas. Existe um plano estratégico de defesa que o governo anuncia para 7 de setembro próximo. O que nos preocupa é que nesse plano, que pouca coisa tomamos conhecimento, temos um artigo do ministro Nelson Jobim, publicado no dia 13 de agosto, onde ele fala as principais linhas da proposta. Manutenção da estrutura, deslocamento de contingente das forças armadas para outras regiões, investir na mobilidade e no reaparelhamento, mas nos preocupa deslocar as tropas das capitais para a Amazônia. Isso é um risco muito grande. Em nenhum momento na exposição do ministro Jobim, verificamos a preocupação de aumentar os efetivos das Forças Armadas nas áreas necessitadas. Por exemplo, povoar a Amazônia, botar o Exército para melhorar as condições de defesa, mas não tirar das grandes capitais. Vai desguarnecer o coração do Brasil.

Não seria só um reposicionamento de parte dela?
Durval - Qualquer homem que tirar daqui fará falta. Existe um planejamento estratégico do Exército, do início da década de 80, chama "Força-Tarefa 1990". Nesse planejamento, o efetivo do Exército no ano 2008 estaria próximo de 600 mil homens, necessário para manter a nossa soberania. E nosso efetivo hoje está reduzido beirando os 100 mil, só. Imagine tirar daqui do Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, fazer a defesa no caso de um ataque, como está acontecendo na Geórgia. Por que lá? Existe um oleoduto que os Estados Unidos construíram para levar o petróleo do mar Cáspio através da Geórgia pela Turquia, para sair no Mar Negro. Botaram uma grande empresa mercenária, a Blackwater, criada pelo governo americano num planejamento da Hallibourton. É a maior empresa de mercenários do mundo, tem 128 mil homens no Iraque, 26 mil na Colômbia.
No que especificamente essa empresa trabalha?

Durval - Essa empresa dá segurança para os empreendimentos das grandes empresas mundiais. Por exemplo, as empresas de petróleo. No Iraque, matam, destroem, trucidam os civis iraquianos pelo interesse das empresas que foram ao Iraque roubar o petróleo iraquiano. No Iraque, o contrato da Blackwater já vai a 6 bilhões de dólares. Não há dúvida que esses homens virão para cá, caso o Brasil continue vendendo. O que é preciso fazer? Mudar a lei do petróleo, porque é o único país do mundo que terceiriza a exploração de um poço de petróleo, mas a empresa contratada passa a ser dona do petróleo e vende para nós se quiser.
Por exemplo, uma empresa argentina que fabrica placas de automóveis comprou uma jazida num leilão aqui na Bacia de Santos. Fábrica de quê?

Durval - De placas de automóveis. Não tem experiência nenhuma no ramo de petróleo, mas comprou. Pelo preço de um apartamento em Copacabana, mais ou menos. Um mês depois vendeu ganhando uma fortuna. Só o Brasil faz isso.

Então, a principal medida deve ser a mudança na legislação?

Durval - Na legislação do petróleo, que compete a nossos deputados e senadores. Nós precisamos desse petróleo, que isso seja feito honestamente. Precisamos investir. Com esse petróleo, o Brasil vai se desenvolver. Deve tocar para frente o projeto do biodiesel,
do etanol.

Como o senhor acha que deve ser acelerado o reaparelhamento militar?
Durval - Uma parceria com a Petrobras pode ser uma solução, porque com o petróleo vamos nos desenvolver. Vamos ter gasolina e óleo diesel mais baratos. Mas se vender, com essa lei atual, não. Qualquer país do mundo, Venezuela, Arábia Saudita, Irã, quando contrata uma empresa para explorar um poço, no máximo essa empresa ficará com 20% do que encontrar. O petróleo é do país. O segredo é mudar a lei do petróleo.

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Furacão passa pelo Caribe e EUA e mata 85; nenhum é cubano

Peço desculpas aos leitores do blog, pelas poucas postagens nos últimos meses. Estamos com muito pouco tempo devido à campanha eleitoral, passamos por um processo de importância fundamental para nossas cidades e nosso país, onde em inúmeros lugares as forças progressistas se desafiam a construir as condições necessárias para as mudanças mais profundas que o Brasil precisa. Por isso acabamos priorizando a campanha que somada as nossas tarefas diárias acabam por nos deixar com pouquíssimo tempo para cuidar melhor do blog. Mas a medida do possível estaremos trazendo novas, e após 5 de Outubro certamente voltaremos a ter postagens todos os dias.
Desde já obrigado pela compreensão.
O furacão Gustav deixou no Caribe um saldo de 85 mortos e um dado revelador: nenhum deles era cubano. Mais uma vez, os meios de comunicação ocidentais tiveram de engolir outro sapo que, provavelmente, teriam esfregado as mãos se a história tivesse sido diferente. Terão de seguir espreitando.

Por J.M. Álvarez, para o Kaos en la Red

O Gustav tocou a terra cubana no sábado, 30 de agosto, com ventos de 240 quilômetros por hora, isto é, Furacão de Categoria 4 na escala Saffir-Simpson.
A província mais afetada foi Pinar del Río. Em sua trajetória pela ilha, o furacão deixou 18 pessoas feridas, nenhuma gravemente, e destruiu, total ou parcialmente, 90 mil casas. Todas serão reconstruídas.
O Gustav tocou terra americana na segunda-feira, 1.º de setembro, na costa do Golfo do México, a oeste de Nova Orleans, com categoria 2, ou seja, a metade da força com a qual golpeou Cuba, mas provocou, no mínimo, 7 mortes e causou danos variados a 80 mil residências, como casas alagadas e com destroços (além de cortes de eletricidade).
Os proprietários das casas terão de resolver por suas próprias contas os danos. Pobre daquele que não tiver seguro.
Hugo Chávez recomendou à Casa Branca, horas antes da chegada do furacão, que atendesse melhor a população, para que não se repetisse o que aconteceu em 2005, com o furacão Katrina.
Embora a limpeza étnica de 2005 (a maioria dos mortos eram negros) não tenha se repetido nesta ocasião — devido em parte às críticas que o governo Bush recebeu então — a presença, novamente, de vítimas fatais evidencia que Washington não deu muita bola às recomendações do presidente venezuelano.
Levando em consideração que não há valor maior que a vida humana, portanto supera qualquer outro tipo de perda, as cifras falam por si próprias:
O Gustav, um furacão de categoria 4, quando passou por Cuba, não causou vítima fatal alguma em um país pobre e subdesenvolvido.
O Gustav, um furacão de categoria 2, quando chegou aos EUA, matou sete pessoas (até esta data) no país mais rico e poderoso do planeta.
Cabe a pergunta:
Quem se preocupa pelos seus cidadãos sem exceção?

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© 2008 Por Giovane D. Zuanazzi , Douglas T. Finger