Aumenta, reduz, soma, divide...

Assembléia concede aumento para Yeda

Aprovado por 35 votos favoráveis contra dois, projeto de lei que reajusta os salários da chefe do Executivo, do vice-governador e dos secretários estaduais vai agora para sanção da governadora

A cúpula do Executivo estadual vai ganhar mais. No retorno do recesso, a Assembléia Legislativa aprovou ontem um aumento salarial de 143% para a governadora Yeda Crusius e de cerca de 89% para o vice-governador Paulo Afonso Feijó e secretários estaduais.

A proposta foi aceita pelo plenário com 35 votos favoráveis, dois votos contrários e a abstenção da oposição. Yeda passará a receber R$ 17.347,14. Já o vice e o secretariado terão um salário de R$ 11.564,76. Em Brasília, a governadora defendeu o reajuste:

– Acho que não é de orgulhar ninguém que o salário da governadora do Rio Grande do Sul fosse o menor entre todos os governadores. Acho que isso aí não é taça nenhuma. Nem a favor nem contra. A maior parte dos prefeitos já tem um salário superior ao da governadora. Agora fica claro que a governadora, por iniciativa da Assembléia, ganha igual ao presidente da Assembléia. E os secretários, o mesmo que os deputados.

A votação foi negociada pela manhã na reunião de líderes, mas causou constrangimentos à base. O líder da bancada peemedebista, Alexandre Postal, defendeu a transferência da votação para outra data por considerar o momento inconveniente. O Piratini enfrenta a greve dos servidores da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).

À tarde, a incerteza permaneceu. Embora grande parte dos deputados, inclusive de oposição, afirme ser necessário reajustar o salário da governadora, a principal dúvida era o momento da votação. O temor era de que o projeto fosse associado à greve dos agentes penitenciários e à oposição de Yeda ao piso nacional do magistério – tudo isso num período de campanha eleitoral.

Apenas os pedetistas Paulo Azeredo e Gilmar Sossella votaram contra.

Deputado de oposição cobra “coerência” do Piratini

Em seu primeiro dia de atuação, o novo líder do governo, Pedro Westphalen (PP), disse ter deixado a base livre para decidir. Depois da aprovação, Westphalen afirmou que a decisão representou um gesto de sensibilidade política. Para ele, o sinal verde ao reajuste significa “maturidade e bom senso” dos parlamentares em relação a “defasagens salariais incompatíveis com a responsabilidade das funções”:

– Esse governo tem a marca da administração arrojada, que corta despesas, amplia receitas e gera resultados. É um governo comprometido em recuperar distorções, como está fazendo nos casos das Leis Britto e dos precatórios.

Na tribuna, Ivar Pavan (PT) cobrou “coerência” da governadora:

– Se não há recursos para pagar os professores, por coerência, ela deveria pedir que não aumentassem seu salário. Diante dessa confusão e incoerência do governo, nossa bancada não votará.

O projeto vai agora para sanção ou veto da governadora. Se ela não se manifestar, a proposta retorna ao parlamento para ser promulgada pelo presidente da Casa, Alceu Moreira (PMDB), autor da iniciativa.

Entenda o caso
> O aumento salarial para o chefe do Executivo, seu vice e secretários é um tema em debate desde o governo Germano Rigotto (2003-2006), mas o ex-governador rejeitou propostas que alterariam os seus vencimentos. Um dos mais fortes argumentos a favor do reajuste era de que se tornava difícil levar para o primeiro escalão um profissional que receberia um salário maior na iniciativa privada.
> Passado o primeiro ano de mandato, Yeda Crusius demonstrou incômodo em relação ao padrão salarial do Piratini. No encerramento do 28º Congresso dos Municípios, no dia 18 de junho, a governadora salientou que o salário dela impede que se pague mais aos secretários.
> Naquele dia, Yeda disse que a questão seria resolvida pela Assembléia e que ela não temia enfrentar resistências:
– Eu enfrento. Não porque eu seja Joana d’Arc. É preciso regras em todas as áreas.
> No dia 1º de julho, o presidente da Assembléia, Alceu Moreira (PMDB), encaminhou projeto prevendo reajuste nos subsídios de Yeda, do vice-governador Paulo Afonso Feijó e dos secretários.
> No dia 2 de julho, ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, a governadora disse que o realinhamento nos vencimentos foi proposto pelo gabinete de transição – criado por ela para superar a crise política.

Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2098652.xml&template=3898.dwt&edition=10422&section=1007

Lembrando que ela também está fazendo uma mobilização nacional para barrar o aumento salarial dos professores, alegando um rombo no cofre público.

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