A Luta contra a Escravidão (segunda parte)
Hoje, postamos o segundo texto sobre a luta contra a escravidão no solo brasileiro, não poderia faltar um excerto do poema “Navio Negreiro” do grande poeta brasileiro e patrono da UJS, o poeta condoreiro Castro Alves:
“Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!”
Comecemos primeiro desmistificando a inferioridade tão apregoada aos quatro ventos de inferioridade dos representantes negros da raça humana, existiam reinos na África que só foram subjugados pela sanha imperialista européia no decorrer do século XIX, quando os negros combatiam com lanças e escudos e os europeus utilizavam largamente canhões e metralhadoras, por séculos o rei da Etiópia foi considerado o monarca mais rico do mundo, por séculos os europeus chegavam somente na costa litorânea africana, pois era instransponível de outra forma, pela bravura dos guerreiros africanos.
A cultura local, no tocante à guerras, nunca foi de marcado pelo grande número de mortos em combate, pois como os astecas, os africanos em sua maioria, preferiam prender seus inimigos tribais e os utilizarem como escravos, primeiramente em suas próprias possessões e após começaram a intensificar um mercado de vende desses prisioneiros de guerra com os europeus que necessitavam de mão de obra para lavouras, extração de minerais e outras atividades braçais em suas colônias mundo afora.
A viagem de transposição do Oceano Atlântico era uma odisséia em luta pela vida, pois em alguns estudos apontam que a mortandade no transcorrer da viagem beira os 70% dos negros que eram trazidos, as más condições das embarcações, onde proliferavam doenças, o exíguo espaço físico, os maus tratos por parte da tripulação, transformavam o cenário do navio negreiro um verdadeiro holocausto.
Ao chegarem em solo brasileiro, os sobreviventes dessa jornada de horrores, descobririam o futuro trágico que lhes aguardava, o trabalho extenuante e o chicote do feitores a lhe arrancar o couro e o sangue para que executasse os mais duros trabalhos, e para cicatrizar essas chagas, nada mais do que o sal do suor de seus corpos.
Semana que vem trataremos sobre os vários campos onde se travou a luta pela abolição da escravatura, desde o campo, intelectual, político, artístico onde se pavimentou o longo caminho para a conquista dessa tão almejada liberdade.
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