Resistência: EUA fizeram iraquianos odiar a 'democracia'

Mohamed Bashar al-Faidi, porta-voz dos ulemás muçulmanos do Iraque, deu no último fim de semana uma palestra, na cidade espanhola de Gijón, sobre o estado atual da resistência e sobre as promessas de retirada das tropas de ocupação do país. A palestra aconteceu durante a 4ª Jornada Sobre o Mundo Árabe, do Comitê de Solidariedade com a Causa Árabe, realizada na sede da organização.
Por Olaya Suárez, para o elcomerciodigital.com


Essa foi a primeira vez que um ulemá iraquiano (professor e pesquisador da chariá - lei islâmica - e do Alcorão) consegue um visto para fazer uma palestra na Espanha. Vive refugiado na Jordânia, de onde se propõe a "revelar ao mundo a situação real que se vive no Iraque".

O candidato Barack Obama anunciou que, se vencer as eleições nos EUA, retirará as tropas do Iraque. Como o povo muçulmano vê essa promessa americana?
Os cidadãos não acreditam em Obama nem em nenhum outro candidato à presidência, só acreditam na resistência do povo iraquiano e na continuidade da luta, até que finalmente o exército americano seja expulso de nosso país.

Considera que o povo iraquiano está preparado para tomar as rédeas de forma autônoma?
Estamos desenhando um plano nacional para salvar o Iraque da ocupação. O objetivo que perseguimos é conseguir um país unido, sem guerra civil e sem diferenças nem distinções entre o norte e o sul. É um processo íntegro de reconstrução no qual é preciso que sejam envolvidos todos os estamentos sociais, econômicos, políticos e sociais.

Que papel joga o aspecto militar nesse projeto?
O objetivo é obter um exército nacional e real, isto é, que não esteja vinculado a um partido político, mas a uma nação. Não deverá estar vinculado à religião, mas sim ao governo do país.

O governo será eleito pelo povo?
Sim, será uma eleição dos cidadãos que se dará a nível humano, administrativo, de serviços...

As tropas americanas entraram no Iraque para instaurar a democracia. No que se diferenciará esta democracia com a que agora pretende conseguir o povo?
Os iraquianos odeiam a palavra democracia, porque a relacionam à morte, massacres e fome. Os EUA conseguiram que o povo repudie essa denominação, mas não seu significado real, que é o que nós pretendemos conseguir.

É evidente que a estrutura e os aspectos materiais do país se viram bastante afetados nos últimos anos, mas, por trás disto, que aconteceu em relação ao humano e ao psicológico?
Estamos muito pior que antes e, além disso, foram mortos 1,5 milhão de iraquianos. A isto se soma a falta e a deficiência de serviços, a falta de eletricidade, de água, de abastecimento...

Que visão e opinião têm da Espanha e de seus cidadãos no Oriente?
O que se sabe no Iraque sobre a Espanha é que ela participou com suas tropas no início da ocupação do nosso país. Agradecemos aos espanhóis que tenham retirado seus militares, mas agora pedimos que se envolvam nos problemas que sofremos e que nos ajudem de forma internacional e pública.

Fonte: Jornal El Comercio Digital -

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