50 anos de Revolução Cubana




















Por Daniel Sabino:

São 50 anos de Revolução Cubana, solidariedade infinita, conseqüência, resistência, firmeza e vitórias, más também – e é de certa forma angustiante constatar seu impacto – 50 de calunias, difamações e as mais diversas tentativas de ocultá-la e isolá-la internacionalmente.

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Engendradas sempre em alguma agencia de noticias ou de inteligência estadunidense como parte de sua guerra incansável contra Cuba, essas informações tergiversadas – que são uma espécie de “verdade paralela” – acabaram gerando em muitas das cabeças que habitam a parte ocidental do planeta, ao longo dessa metade de século, preconceitos, conceitos equivocados e reflexos condicionados em relação ao charmoso arquipélago cubano, a Revolução Socialista e o seu povo heróico.
Não são poucos os intelectuais respeitados, grandes personalidades, lutadores e militantes do mundo inteiro que em algum momento deixaram-se arrastar pelas falácias nascidas e semeadas pela gigantesca rede midiática e propagandística controlada pelo governo imperial. E como fruto dessa cruel, ininterrupta e às vezes imperceptível estratégia, os “esquerdistas” ocidentais, compelidos pela força quase sobrenatural desse reflexo além da razão, visualizam e analisam Cuba desde uma perspectiva prepotente e fatalmente parcializada, sempre em busca de alguma critica, quais fossem verdadeiros competidores de tiro ao alvo moderno situados a dezenas de metros, com um dos olhos fechados e a boca salivante, ansiosos de apertarem o gatilho, verem o lugar que aparece o buraco e que pontuações obtiveram.
Provavelmente nem conheçam a profundidade a historia desse país, talvez nunca hajam lido, escutado e compreendido um discurso completo do companheiro Fidel, esquecem ou possivelmente não sabem que essa terra, a do Maceo, Martí, Mella, Villena, Echeverria, Che, Raúl e Fidel, onde milhares de compatriotas caíram defendendo os mais nobres ideais de justiça convertendo-a em Terra Santa dos oprimidos com seu sangue, é para os verdadeiros revolucionários desse continente seu templo mais sagrado; Tenochitlán ou Machu Picchu de séculos anteriores, quando livres, autóctones e soberanos, orgulho latinoamericano.
É uma mãe e um pai aos quais devemos acariciar e respeitar. Olharão para trás e dentro os que se acham no direito e pensam ter a estatura moral que os credenciem de esgrimir quaisquer reprochas ou apontar seu dedo acusador.
Acaso não recordam, ou é tamanha sua ignorância, que quando nasciam, Batista instalava uma sanguinária ditadura e afundava a ilha na pior das repressões e vexames; que quando deleitavam suas primeiras gotas de leite quente, o povo cubano já estava nas ruas combatendo e se organizando valentemente; que quando davam seus primeiros passos cambaleantes, um punhado de jovens assaltavam os quartéis Moncada e Céspedes na antiga província Oriente em busca de armas para acender a chama da insurreição; que quando balbuciavam suas primeiras palavras, Fidel fazia sua defesa e a da Causa com a “Historia me Absolverá”; que quando eram levados resmungões para um dia tumultuoso na creche mais próxima, os revolucionários cubanos partiam ao exílio azteca; que quando se preparavam para o primeiro dia na escola com nervosismo, 82 homens zarpavam num pequeno iate rumo a Cuba com esperança; que quando caíam incessantemente na tentativa falida de aprender a andar de bicicleta, o Exército Rebelde marchava triunfante sobre Havana; que quando se apropriavam das elementais noções do conhecimento humano, Cuba se declarava Primeiro Território Livre de Analfabetismo da América; que quando brincavam e corriam alegres pela rua com os amiguinhos sujando a roupa lavada com esmero, Cuba corria para as areias de Playa Girón para rechaçar a invasão mercenária-yankee; que quando, sapecas, botavam o dedinho para provar a cobertura do décimo bolo de aniversario, Cuba assumia soberanamente os riscos de um enfrentamento nuclear; que quando entravam na universidade, Cuba mandava seus melhores filhos para ajudar desinteressadamente o povo Africano na luta contra o colonialismo e o apartheid; que quando nascia seu segundo guri e a casa parecia mais cheia, Cuba ficava praticamente só, resistindo e mantendo a chama da revolução acesa apesar do desmoronamento do socialismo europeu; que quando realizavam uma viagem em família, fim de ano, com o carro apertado porque esse mesmo filho já havia crescido (tinha 10 anos), a Revolução Cubana saudava de cabeça erguida o novo milênio, depois de uma década de Período Especial padecendo as mais inimagináveis escassezes materiais...
A que ponto pode chegar a cegueira histórica de alguns e a força desse reflexo durante meio século semeado? Uma nação que teve de enfrentar durante esses 50 anos guerra econômica (bloqueio), atentados terroristas, guerra biológica, invasões ao seu território, isolamento internacional (que hoje começa a reverte-se), ocupação ilegal de uma zona que conta com uma das melhores baías do mundo por uma base militar estrangeira (onde se tortura e se comete as maiores atrocidades com a cumplicidade desse mesmo mundo ocidental) e que, apesar de tudo, em nenhum instante deixou de defender seus princípios nem se vendeu como muitos; não parou de dividir o que tinha em nome de um internacionalismo incondicional; enviou seus melhores galenos para salvar vidas na Ásia, África e America Latina; operou e devolveu a visão a mais de 1 milhão de pessoas pobres do Mundo Subdesenvolvido; alfabetizou a milhares com seu método “Yo Sí Puedo”, ajudando a erradicar essa ignomínia histórica na Venezuela e na Bolívia e forma como médicos a mais de 30 mil estudantes não-nascidos na ilha para que voltem a seus países de origem e trabalhem pelos despossuídos e marginados de sempre.
Porque olhar pro céu e ver o sol e, em vez de admirar sua maravilhosa capacidade de iluminar e dar calor, apontar suas manchas? Os únicos que possuem a talhe moral de dizer o que está certo ou errado dentro de Cuba, com todo o direito de quem lutou, sofreu e participou de cada etapa com heroísmo e firmeza, são exclusiva e unicamente os cubanos.
Olhemos para esse ocidente podre até a medula e esgrimamos as mais fortes criticas contra sua lógica destruidora, sejamos intolerantes com os absurdos que se comete a diário e lutemos incansavelmente para transformar a injustiça imperante, como fazem e fizeram os revolucionários cubanos do seu tempo.


Revolucionariamente saudando o primeiro meio século de Revolução Cubana!


V, N, 8 de Janeiro de 2009. RR
“Año del 50 Aniversario del Triunfo de la Revolución”.


Daniel Sabino é estudante de Medicina na Ecola Latino Americana de Medicina (ELAM) em Cuba.

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