O pesquisador Marcelo Piancastelli integrou o grupo que elaborou o comunicado. Ele explica que o empréstimo com o Banco Mundial pode ser atrativo no início, mas acarreta um risco financeiro bastante grande para os estados. O principal motivo é o câmbio.
“O Rio Grande do Sul contratou um empréstimo a uma taxa de câmbio em torno de R$ 1,60 por dólar e hoje essa taxa de câmbio já está a R$ 2,38, chegou a R$ 2,40. Isso é um ônus adicional para o estado”, diz.
Quando contratou o empréstimo de US$ 1,1 bi na metade do ano passado, o governo gaúcho afirmou que os benefícios viriam com a redução nos juros das dívidas que seriam pagas. No entanto, Piancastelli questiona que isso esteja ocorrendo hoje. Desde 2008, o real teve uma desvalorização média de 36% em relação ao dólar. Além da variação cambial, o governo tem que pagar 4,5% de encargos ao Banco Mundial.
O pesquisador defende que empréstimos externos devem ser tomados pelos estados a fim de investir em infra-estrutura, como estradas e portos, o que gera retorno financeiro. Contratar empréstimo em dólar para pagar dívida em real, diz Piancastelli, significa apenas trocar de credor, com o ônus ainda da variação cambial.
“Era de direcionar esse empréstimo para áreas críticas do estado que precisam de investimento, sobretudo na área de infra-estrutura com pagamentos a longo prazo, que vão gerar retornos econômicos para o estado. Simplesmente para rolar a dívida, o estado está assumindo o ônus para agora e para o futuro; o Banco Mundial não tem risco nenhum porque simplesmente está trocando uma dívida por outra, ainda com aval do Tesouro Nacional”, afirma.
Fonte: Agencia Chasque
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