O Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), saudou, em mensagem enviada nesta terça-feira (30) ao presidente de Cuba, Raul Castro, e ao Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, os cinqüenta anos da Revolução Cubana.
''O cinqüentenário da primeira revolução popular vitoriosa na América Latina, que resultou na construção do socialismo em seu país, agiganta-se diante da hedionda e intolerável realidade do mundo capitalista'', afirma a saudação.
''A Revolução Cubana deixou importantes lições para as atuais gerações de lutadores. Desde o início, foi marcada pelo despertar das energias criadoras das massas populares na construção da nova sociedade. Por isso, desde a origem, é radicalmente democrática, estimula a mobilização e a participação organizada das massas'', continua.
Leia abaixo a íntegra da saudação.
Saudação do Partido Comunista do Brasil por ocasião do 50º Aniversário da Revolução Cubana
Ao Comandante Raul Castro
Ao Comitê Central do Partido Comunista de Cuba
Por ocasião do transcurso do 50º aniversário da Revolução Cubana, em 1º de janeiro de 2009, o Comitê Central do Partido Comunista do Brasil, em nome de todos os seus militantes e dirigentes, envia uma vibrante e calorosa saudação ao povo cubano, em especial aos comandantes Fidel Castro e Raul Castro e ao Partido Comunista de Cuba.
O cinqüentenário da primeira revolução popular vitoriosa na América Latina, que resultou na construção do socialismo em seu País, agiganta-se diante da hedionda e intolerável realidade do mundo capitalista. O contundente fracasso do neoliberalismo e do próprio capitalismo, ainda que não faça cair de maduro esse sistema baseado na opressão e exploração dos trabalhadores e dos povos, representa duro golpe na ideologia dominante, ressalta a justeza do caminho do socialismo e faz emergir uma nova situação no mundo, a um só tempo repleta de tensões e de potencialidades para a luta dos povos. Esta nova situação ressalta ainda mais a atualidade da Revolução Cubana e o significado do seu cinqüentenário.
De dimensões épicas e caráter antiimperialista e popular, a Revolução Cubana de 1959 constitui um acontecimento dos mais importantes na longa e sinuosa trajetória dos povos e nações do mundo pela emancipação dos explorados e oprimidos, pela libertação nacional e social, pela democracia, a paz, a justiça e o socialismo. Inspirou milhões de pessoas na América Latina e em todo o mundo a seguir o caminho revolucionário, em especial a juventude ávida por mudanças.
Desde o período colonial, o povo cubano deu contribuições às causas mais avançadas na América Latina e Caribe. A figura do patriota cubano José Marti, pensador e lutador da causa da independência, perfila na galeria de grandes libertadores e independentistas latino-americanos como Simon Bolívar, Antonio José de Sucre, José Rodriguez de Francia, José de San Martin, José Artigas, Bernardo O’Higgins e José Bonifácio de Andrada e Silva.
Para o povo cubano, como sempre ressalta o Partido Comunista de Cuba, a Revolução de 1959 é a sua segunda e definitiva independência. O socialismo, ao unir amplamente o povo e a nação no sentido do progresso material e espiritual, é a garantia da manutenção da soberania e independência de Cuba, sempre ameaçada pela superpotência imperialista estadunidense. Muito precocemente, apenas dois anos após a independência de Cuba do domínio espanhol em 1898, os Estados Unidos no limiar do século 20 se auto-outorgavam o direito à intervenção na Ilha, com a Emenda Platt, sucedendo-se a partir daí inúmeras medidas visando a recolonizar Cuba.
Mais de meio século depois, ainda se fazem sentir as repercussões do heróico gesto dos revolucionários cubanos, quando em 26 de julho de 1953, realizou-se o assalto ao Quartel de Moncada, sob comando de Fidel, numa corajosa reação à instauração da ditadura batistiana em 1952. Era o ato inaugural da luta revolucionária que triunfaria em 1º de janeiro de 1959. Depois de encarcerado devido ao assalto a Moncada, o próprio Fidel Castro defende-se em seu julgamento. “A História me absolverá”, texto que se tornou mundialmente célebre, é uma bela peça da literatura política em favor da libertação do povo cubano, um libelo impregnado de ética revolucionária, que até hoje inspira as lutas de libertação pelo mundo.
Foi também de significação transcendental a fundação, por Fidel e outros jovens, como Raul Castro e Ernesto Che Guevara, do Movimento 26 de Julho, de inspiração revolucionária e patriótica, que organiza a instalação de um agrupamento guerrilheiro na ilha a partir do desembarque do Iate Granma, proveniente do México, que chega ao leste de Cuba em dezembro de 1956. Surge então o Exército Rebelde, uma guerrilha com força crescente e complementada pelas greves e lutas populares nos centros urbanos. Baseadas inicialmente na Sierra Maestra, próxima a Santiago de Cuba, as forças guerrilheiras em não muitos meses se expandem e ganham prestígio, logrando derrotar as forças batistianas já em meados de 1958. A partir de então, promovem uma ofensiva final que resulta na derrubada da ditadura em 1º de janeiro de 1959.
Fidel Castro, comandante-em-chefe do vitorioso Exército Rebelde, entra em Havana em 08 de janeiro de 1959. A vitória da luta guerrilheira e popular em Cuba, removendo uma sanguinária ditadura e o domínio dos Estados Unidos sobre o país, inspira os povos latino-americanos e abre nova fase na luta pela libertação no continente.
As provocações e ações terroristas contra Cuba, com o intuito de derrubar o novo governo revolucionário, não tardam a se manifestar. Já em março de 1960, o cargueiro belga La Coubre, carregado de armamentos, explode na Baía de Havana, causando a morte de mais de cem pessoas, numa ação da CIA. No dia seguinte ao ataque, Fidel Castro proclama: “agora, nossa disjuntiva será pátria ou morte”, consigna que permanece atual. Desde então, não houve um só momento ao longo destas cinco décadas em que não tenham ocorrido atentados terroristas e outros tipos de provocações a partir dos Estados Unidos.
A Revolução Cubana, na medida em que aprofundava e consolidava sua opção pela independência e soberania e pelo progresso social, mais se aproximava do socialismo, cuja edificação se incrementou a partir da proclamação do caráter socialista da Revolução em abril de 1961. Imediatamente depois, um numeroso e bem armado exército mercenário, treinado nos Estados Unidos, promove um desembarque em Playa Giron, na Baía dos Porcos, ação que, a despeito da magnitude, é derrotada em três dias, numa grande vitória das forças revolucionárias, mercê da clarividência e espírito de decisão de Fidel e do heroísmo popular.
A Revolução Cubana deixou importantes lições para as atuais gerações de lutadores. Desde o início, foi marcada pelo despertar das energias criadoras das massas populares na construção da nova sociedade. Por isso, desde a origem, é radicalmente democrática, estimula a mobilização e a participação organizada das massas, como demonstrou, já nos primeiros anos, a vitoriosa Campanha de Alfabetização de 1961, que em pouco tempo erradica o analfabetismo, com a mobilização de milhares de jovens voluntários. Também as mulheres desempenharam papel destacado nesta e em outras vitoriosas realizações da Revolução. Outra marca constitutiva fundamental da Revolução Cubana é o internacionalismo, expresso na solidariedade do povo cubano aos trabalhadores e povos de todo o mundo, mesmo nos períodos de maiores dificuldades materiais.
Papel destacado na consolidação das vitórias da Revolução e na construção do socialismo tem sido desempenhado pelo Partido Comunista de Cuba, síntese de três organizações revolucionárias, reunidas inicialmente no Partido Unido da Revolução Socialista de Cuba: o Movimento 26 de Julho (a organização-base do Exercito Rebelde), o Diretório Revolucionário 13 de Março e o Partido Socialista Popular, nome que havia tomado o Partido Comunista Cubano fundado por Julio Antonio Mella, ainda em 1926. Desde então, o Partido Comunista de Cuba, patriótico, martiano e marxista-leninista, herdeiro do Partido Revolucionário Cubano de José Martí, é a força de vanguarda que conduz a heróica luta de resistência e de construção do socialismo cubano.
Desde os primeiros anos, a Revolução Cubana enfrenta vitoriosamente o desafio de construir o socialismo num contexto de brutal hostilidade e rígido bloqueio econômico promovido pela superpotência estadunidense. Não obstante esta pesada condicionante, ao longo de cinqüenta anos a Revolução Cubana conquistou inúmeros progressos civilizatórios para o povo cubano, em suas condições sociais e culturais e na formação de importante capital humano.
Cuba socialista enfrentou altaneiramente também as novas condições criadas pelo fim do campo socialista, que provocou duros impactos econômicos sobre o País e alterou negativamente a correlação de forças no campo internacional, gerando condições propícias à contra-revolução e à ofensiva do imperialismo. Com a instauração do domínio unipolar no mundo e a hegemonia das idéias neoliberais, Cuba passou a defrontar-se com obstáculos adicionais. Esse ambiente de grandes dificuldades, no início dos anos 1990, marca o início da vigência do “período especial”. O povo cubano, com o Partido Comunista e Fidel no comando, enfrentou heroicamente a nova situação, manteve suas conquistas, sua dignidade e a independência nacional.
A resistência do povo cubano foi um dos fatores decisivos para a mudança do quadro político na região da América Latina e do Caribe. De uma década para cá, a partir da vitória bolivariana na Venezuela, os povos latino-americanos e caribenhos têm alcançado importantes conquistas de sentido democrático, progressista e antiimperialista. O quadro começou a mudar. Do prolongado período de resistência durante as décadas de absoluta hegemonia neoliberal, os povos de nossa região passaram a viver um período de esperança e de mudanças, com ritmos diferenciados, mas com sentido comum, de conquista de mais soberania, mais desenvolvimento econômico e social e mais democracia e direitos para nossos povos.
Exemplo mais recente disto foi a realização em dezembro último, em Salvador da Bahia, no nordeste brasileiro, da Conferência da América Latina e do Caribe, que contou com a presença do presidente Raul Castro. Na ocasião, os países latino-americanos e caribenhos deram nova demonstração de unidade e de firme determinação em fazer avançar a integração, em oposição aos planos neocolonialistas e hegemonistas do imperialismo estadunidense. A presença do presidente cubano Raul Castro em nosso país e as reuniões que manteve com o presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva assinalam o excelente momento nas relações bilaterais entre os dois países.
Ao comemorar o cinqüentenário da Revolução Cubana, não poderíamos deixar de reiterar a solidariedade do Partido Comunista do Brasil e do povo brasileiro ao povo cubano na justa luta pela libertação dos cinco heróicos patriotas cubanos presos nos Estados Unidos. Outrossim, somamo-nos às numerosas vozes que em todo o mundo demandam o imediato e incondicional fim do bloqueio econômico dos Estados Unidos a Cuba. A necessidade de pôr fim ao injusto, ilegítimo e criminoso bloqueio ganha ainda mais atualidade, tendo em vista os devastadores prejuízos causados pela passagem de três furacões sobre a ilha, em 2008.
No último período temos observado com grande interesse o chamamento da direção máxima do Partido Comunista de Cuba pelo aprofundamento e aperfeiçoamento do socialismo cubano, como se pôs em relevo nos discursos dos camaradas Fidel Castro na aula-magna da Universidade de Havana, em 17 de novembro de 2005, e Raul Castro, por ocasião das comemorações do aniversário do 26 de Julho, em Camaguey, em 2007 – ambas intervenções de conteúdo e sentido revolucionários, dialéticos e marxistas-leninistas. Nesta perspectiva, desejamos pleno êxito ao VI Congresso do Partido Comunista de Cuba, anunciado publicamente para ocorrer em 2009, que sem dúvidas será um marco no aprofundamento do caminho cubano para o socialismo.
Neste momento de comemorações do cinqüentenário do feito épico do povo cubano, a Revolução de 1959, o Partido Comunista do Brasil congratula-se com o povo cubano pelas vitórias alcançadas e deseja novos êxitos sob o comando do presidente Raul Castro.
Na oportunidade, reiteramos o nosso desejo de fortalecer e aprofundar ainda mais as relações de camaradagem e fraternidade internacionalistas entre os nossos dois Partidos, como expressão da nossa unidade de ideais e objetivos, assim como dos sentimentos de amizade e solidariedade entre os nossos povos.
Viva o 50º aniversário da Revolução Cubana!
São Paulo, 30 de dezembro de 2008
O Comitê Central do Partido Comunista do Brasil
Aniversário da Revolução Cubana: PCdoB saúda cinquentenário da Revolução Cubana
às 12:19 Postado por Douglas T. FingerMarcadores: Especial 50 Anos
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