Bienal da UNE abre com homenagens a Honestino Guimarães



“A nossa história ninguém apaga. É UNE e Ubes de volta para casa”, foi o coro que embalou a abertura oficial da 6ª Bienal de Arte, Ciência e Cultura da União Nacional dos Estudantes. O evento, aberto na noite desta terça-feira (20), reuniu estudantes de todo país no Teatro Castro Alves, em Salvador (BA), e contou com a presença de políticos e artistas. Honestino Guimarães, presidente da UNE mais uma vítima ''desaparecida'' do Golpe Militar, foi o grande homenageado da noite.

“A 6ª edição da Bienal entra para a história da UNE por conseguir reunir mais de 7 mil estudantes para debater cultura, fazer arte e canalizar o poder da juventude para transformar o Brasil”, destacou a atual presidente da UNE, Lúcia Stumpf, em discurso de abertura.A presidente da entidade ressaltou a importância da cidade de Salvador para o movimento estudantil, já que foi aqui, em terras soteropolitanas, há exatos 30 anos, o congresso que marcou a reconstrução da UNE, e a realização da 1ª Bienal de Cultura, em 1999. Lúcia rememorou os anos áureos do Centro Popular de Cultura (CPC), que aglutinou nomes como Arnaldo Jabor, Cacá Diegues e Ferreira Gullar. “Somos nós que estamos conquistando a vitória pela qual tantos morreram. A conquista é do tamanho dos nossos sonhos; e os nossos sonhos são infinitos”, finalizou sob aplausos. O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), falou na abertura do evento da importância das antigas lideranças do movimento estudantil para a consolidação das mudanças sociais que hoje estão em curso no país e enfatizou a necessidade de mobilização da juventude para dar continuidade ao processo de afirmação da soberania nacional. “Essa é a hora de exercitar a nossa capacidade de insurgir. Quando caiu o Muro de Berlim, tentaram enterrar nossas esperanças e sonhos. Agora que caiu o ‘Muro de Wall Street’, não podemos ser apenas espectadores e ficarmos esperando por bons ventos”, afirmou Wagner. “É preciso dizer ao mundo que queremos um mercado financeiro regulado e controlado pelo Estado, porque a população não pode ficar à mercê daqueles que querem ganhar dinheiro sem ter que trabalhar”, definiu o governador. Anistia Representando o ministro Tasso Genro, Paulo Abraão, presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, lembrou que foi também há 30 anos a promulgação da Lei de Anistia, que permitiu que os refugiados políticos retornassem à pátria mãe. “Não foi um ato benevolente do Congresso Nacional, que ainda conservava senadores biônicos; tampouco simples coincidência a Lei ter sido sancionada quando da reconstrução da UNE. O movimento estudantil, com suas lideranças que não se calaram, aliado aos movimentos culturais e sociais, tomou às ruas e fez com que o Congresso aprovasse a Lei”, ressaltou. Para Aldo Arantes, ex-presidente da UNE, o que marca a juventude brasileira e latino-americana é, justamente, a inserção nas grandes lutas do povo. “Nenhuma sociedade pode avançar se não houver aqueles que submetem o individual ao coletivo”, afirmou, recordando as palavras de Honestino Guimarães, que foi dado como ''desaparecido” durante os anos de chumbo da ditadura.
Crise econômica “A UNE e o movimento estudantil estão ligados às raízes do povo brasileiro”, endossou Sérgio Mamberti, presidente da Fundação Nacional das Artes (Funarte) e representante do Ministério da Cultura. Ele aproveitou o teatro lotado para incentivar uma postura atuante da juventude diante do atual cenário de crise: “É a oportunidade de se efetivar mudanças. Este é o momento dos jovens se manifestarem claramente para que possamos transformar os sonhos em realidade”. Investimento na cultura O governo da Bahia investiu recursos da ordem de R$ 600 mil para a realização da Bienal - somente a Secretaria de Cultura, através do Fundo de Cultura, disponibilizou R$ 300 mil -, além da cessão dos diversos espaços e centros culturais da cidade sem qualquer custo adicional. O apoio ainda se deu a partir de um grupo de trabalho, alocado especialmente para acompanhar e dar suporte à comissão organizadora do evento. “Além da mobilização em torno da expressão da cultura em suas múltiplas linguagens, toda a mobilização para alcançar a Bienal, a energia com que a galera correu atrás de recursos, apoio e espaços, é tão ou mais importante que a própria realização em si, e demonstra a capacidade de mobilização da juventude brasileira para fazer e acontecer”, pontuou o secretário de Cultura da Bahia, Márcio Meirelles. Guitarra baiana Finda a abertura, Armandinho dedilhou os primeiros acordes da sua guitarra baiana, convocando os estudantes a seguiram atrás do trio elétrico em cortejo da Praça Campo Grande até a Praça Castro Alves. Na seqüência, a poesia cordelista de Lirinha e o Cordel do Fogo Encantado deu o tom da noite em show aberto ao público, no Largo do Pelourinho. A Bienal de Cultura da UNE segue com palestras temáticas; mostras em Artes Cênicas, Artes Visuais, Ciência e Tecnologia, Cinema, Literatura, e Música; oficinas; mini-cursos; e uma gama diversificada de atrações culturais, com shows gratuitos no Pelourinho, exibição de filmes, encenação de espetáculos teatrais, saraus literários e exposições. De Salvador,
Camila Jasmin

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