O que o Serra fala não se escreve e o que Serra escreve ele não cumpre


Das 161 promessas que Serra fez quando assumiu a Prefeitura de São Paulo, mais da metade – 87 promessas, ou 54% do total – não foram cumpridas. Esse é o balanço da final da administração de Gilberto Kassab, vice de Serra que assumiu a administração quando o tucano renunciou para concorrer ao governo estadual.

A informação, caro leitor, foi veiculada pelo insuspeito PiG (*), em reportagem publicada hoje na Folha.

Além disso, Kassab, principal cabo eleitoral de Serra, também deixou inacabadas obras avaliadas em R$ 5 bilhões, completa outro texto, do Estadão

A reportagem da Folha é emblemática. Mostra que o programa de governo de Serra-Kassab tinha 84 páginas. Mas poderia ser de umas 40 páginas só, pois a metade das promessas foi para o lixo, como a de criar um serviço Disque-Trânsito, por exemplo, ou acabar com o déficit das creches municipais – que ainda necessitam de 80 mil novas vagas.

Além disso, o leitor vai lembrar que não é o primeiro documento assinado por Serra que não é cumprido. Quando foi eleito prefeito de São Paulo, o tucano chegou a assinar uma declaração, registrada em cartório, de que cumpriria o mandato integralmente. “Só se Deus me tirar a vida. Só saio se houver uma desgraça que me envolva”, disse ele, ao responder se pretendia deixar o cargo para Kassab e usar a prefeitura paulistana como trampolim eleitoral, conforme reportagem publicada em 2004 pela Folha.

Como não aconteceu nenhuma desgraça e Serra continua vivo, ficou patente que ele mentiu, mesmo tendo assinado documento registrado em cartório. Saiu candidato e deixou Kassab em seu lugar. O sucessor, por sua vez, só cumpriu integralmente 28 das 161 promessas de Serra - o que dá cerca de 17%, conforme diz a Folha.

Daí a conclusão lógica: o que Serra fala não se escreve. Ainda bem, pois o que ele mesmo escreve, também não cumpre.

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© 2008 Por Giovane D. Zuanazzi , Douglas T. Finger