Reflexões do Companheiro Fidel

O líder da revolução cubana, Fidel Castro, comentou, hoje, em artigo publicado no site CubaDebate, o início da reunião do G-20, ontem. Segundo ele, cada participante estava ali defendendo seus próprios interesses. Fidel considerou natural o fato do opresidente dos Estados Unidos, Barak Obama ter sido o centro das atenções. Disse que o objetivo principal do novo presidente é mudar a imagem negativa de seu país. E classificou como possivelmente a notícia mais importante do G-20 o acordo de coopreação firmado entre EUA e China.

Reflexões do Companheiro Fidel


O início da Cúpula

Hoje (ontem) se iniciou a Reunião da Cúpula do G-20. Os especialistas em temas econômicos realizaram um esforço enorme. Alguns com experiência em importantes cargos internacionais; outros, como estudiosos pesquisadores. O tema é complexo, a linguagem é nova e exige familiaridade com os termos, os dado econômicos, os organismos internacionais e os líderes políticos de maior peso na cena internacional. Porisso, a nossa vontade de simplificar e explicar de modo inteligível o que acontece em Londres, tal como eu vejo.

Ninguém se surpreende por Obama ser a estrela da reunião de Londres. Representa o mais poderoso e mais rico país do mundo. O favorecem circunstâncias especiais. Não está lá Bush, mentiroso, cínico, belicista e odioso. Tampouco está McCain, mediocre e ignorante, graças precisamente à assombrosa vitória de Obama, negro no país da discriminação racial, onde a maioria dos eleitores brancos votou em McCain, mas não foi o surficiente para compensar o voto de mais de 90% dos negros e mestiços norte-americanos, pessoas de origem hispânica, os pobres e os afetadas pela crise.

Obama acaba de ser eleito, quando outros líderes do G-20 estão a ponto de concluir seu mandato, e será, provavelmente, o presidente dos Estados Unidos durante oito anos.Então nada tem de estranho no fato de as notícias de Londres girarem em torno dele.

O que importa ao mundo é o que, dali, sairá, se é que sairá algo. Cada um dos participantes tem seus próprios objetivos nacionais e inclusive pessoais, como líderes políticos que serão julgados pela história.

O objetivo de Obama é, em primeiro lugar, mudar a imagem de seu país, responsável principal por essa tragédia pela qual está passando o mundo, e a quem a opinião internacional culpa pela devastadora crise econômica atual, sobre a qual não tem responsabilidade política nenhuma.

Como salienta o ex-chefe econômico do Fundo Monetário Internacional (FMI) e atual professor do Instituto Tecnológico de Massachusett, Joseph Stiglitz: "Eu deveria chegar a dizer que ele não tem culpa de nada e que está tratando de resolver o mais rápido que pode".

Seu principal aliado europeu, o primeiro ministro Gordon Brown, é o anfitrião da Cúpula e aspira modificar a tendência ati-trabalhista desatada pelos disparates de seu antecessor, Tony Blair. A Obama oferece as honras do Palácio de Buckingham, onde ele foi recebido com sua esposa, Michele. O presidente presenteou a veterana rainha com um reprodutor digital, fruto da sofisticada tecnologia norte-americana, um Ipod com canções e imagens da visista da rainha aos Estados Unidos, em 2007, e com um livro de partituras, assinado por Richard Rogers. Com sua majestadenão tinha que trocar palavras sobre a mundana reuniãp do G-20.

Brown, porém, arrisca tudo com a crise. Aspira mudar a regulação do sistema bancário, impulsionar o crescimento econômico, aumentar a cooperação e acabar com o protecionismo. Ele reconhece que as negociaçõpes serão difíceis.

Seu lema: "É melhor olhar adiante que para trás." É evidente que, se os eleitores olham para trás, teria muitos poucos votos. O desejo de ambos os aliados no âmbito do G-20 é minimizar as diferenças com a França e a Alemanha.

Sarkozy não esconde o seu descontentamento com a política dos Estados Unidos. É explosivo. Recentemente, ameaçou abandonar a reunião. Ontem, disse à rádio Europe 1 que, até agora, não há nenhum acordo satisfatório sobre a cúpula, embora tenha suavizado sua ameaça de levantar-se da mesa se não avançar uma maior regulação: "Não me associarei a uma cúpula que não termine com uma maior regulação." Ele assegura que os negociadores ainda não chegaram a qualquer acordo.

O projeto de comunicado da cúpula, que circula entre os jornalistas, fala de medidas para restaurar o crescimento mundial, manter a abertura de mercados e promover o comércio global. "Temos de obter resultados, não há escolha", Sarkozy insistiu ontem.

Obama anunciou faz uns dois dias que os Estados Unidos se propõem a introduzir mudanças em seu sistema de regulação e supervisão, com a esperança de que esta declaração cumpra com uma parte das exigências européias, arebatando-lhes uma dessas bandeiras.

Sarkozy respondeu que seu empenho em acabar com os paraísos fiscais é sério. A chanceler alemã, Angela Merkel, muito perto das posições de Sarkozy, exige que o acordo não inclua nem a exigência de um plano de estímulo fiscal para os países avançados, nem que seja aberto um debate sobre o anúncio de uma nova divisa internacional, que é uma demanda dos países emergentes ao G-7.

"O mundo está em uma encruzilhada", disse Merkel, "temos de fazer todo o possível para assegurar que a crise não se repita.""Temos que ir além do que é falado em Washington", disse, acrescentando que tudo esteja acordado em Londres deve ter garantia de ser aplicado. "Não deve ficar nenhum lugar, nenhum produto, nenhuma instituição, sem supervisão e transparência.

Merkel manifestou o seu apoio para aumentar a dotação do Fundo Monetário Internacional e para aumentar a ajuda aos países em desenvolvimento que sofrem o impacto da crise.

A ampliação dos recursos do FMI agora parece ser já uma realidade. O presidente do México disse, em sua chegada em Londres, que negocia com o fundo uma linha de crédito de 26 mil milhões de euros. Ontem, o número dois do Fundo Monetário Internacional, John Lipsky, informou, em Londres, que o FMI facilitará para o México uma linha de crédito de de US $ 47 bilhões para garantir a disponibilidade de liquidez, em caso de agravamento da situação dos mercados por causa da crise. É um valor maior do que o solicitado pelo México.

Como, no FMI, os Estados Unidos possuem a maioria das ações, sem seu apoio não seria possível tal crádito, que aponta a influência de Obama na Cúpula de Londres.
As agências anunciavam que Obama se reuniria com Dimitri Medvedev e Hu Jintao, presidentes da Rússia e da China, para discutir os delicadas problemas que enfrentam os dois países com os Estados Unidos.

Em reuniões bilaterais da superpotência das as duas grandes potências, serão abordados problemas económicos, ou, talvez, serão anunciados acordos pacientemente discutidos e aprovados pelos seus representantes diplomáticos.

Hoje, 2 de Abril, li um longo e detalhado despacho da Agência de Notícias Xinhua, datado do dia 1, o qual relata que "o presidente da China Hu Jintao e dos Estados Unidos, Barack Obama, concordaram hoje que seus países vão trabalhar juntos para construir uma relação positiva, cooperativa e global no século XXI ".

"Os presidentes decidiram igualmente criar o mecanismo bilateral de Diálogos Estratégicos e conômicos". "O novo compromisso, assumido por ambos os chefes de Estado, durante seu encontro em Londres, irá traçar o rumo e dará um forte impulso ao desenvolvimento sutentável, sólido e estável das relações entre as duas nações".

"A relação entre a China e os Estados Unidos continua a ser uma das mais importantes relações bilaterais no mundo no século XXI, época em que a humanidade enfrenta enormes desafios e oportunidades. Na nova era, as duas nações têm importantes responsabilidades em relação à paz, à estabilidade e ao desenvolvimento global, além de partilharem amplos interesses."

"Os dois lado devem manter o rítimo da época e manejar sempre os laços bilaterais até uma perspectiva etsratégica e de longo prazo".

"Eles têm de respeitar e ter em consideração os interesses fundamentais da outra parte e aproveitar as oportunidades, além de que devem trabalhar em conjunto para enfrentar os desafios do século."

"A criação do mecanismo de Diálogos Estratégicos e Econômicos China-EUA é um passo importante para reforçar as relações bilaterais. Com isso, o anterior diálogo estratégico entre os dois países foi elevado a um novo patamar."

"No momento em que a crise financeira internacional continua a se expandir, as duas nações devem se apoiar mutuamente e trabalharem juntas para superar a tempestade, o que irá promover os interesses comuns de China e Estados Unidos."

"China e Estados Unidos devem não só mlehorar o intercâmbio e a coopreação em áreas como a economia, a luta contra o terrorismo, o crime transnacional, as mudanças climáticas a energia e o meio ambiente, mas também têm que fortalecer a comunicação e a coordenação de temas regionais e mundiais".

Esse acordo não pode ser discutido em uma reunião de 60 minutos. Estava já preparado com todos os seus detalhes.

A China, cujos aliados atuais no continente asiático a invadiram e saquearam há apenas sete décadas, avança hoje até um posto ascendente da economia global.

É o maior credor dos Estados Unidos, e calmamente discute com o presidente deste poderoso país as regras que irão reger as relações entre as duas nações em um mundo cheio de riscos.

Talvez, a agência Xinhua transmita uma das mais importantes notícias associadas à cúpula do G-20.

Hoje começou e terminou quando escrevia essas linhas! Assombroso!

Fidel Castro Ruz

2 de Abrl de 2009


Fonte: Vermelho

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